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Mostrando postagens de março 3, 2011

A PEDRA

Uma mão joga uma pedra, a pedra, lenta, sonda pássaros, e curva o ar, se curvando, de encontro a centelhas, fagulhas de relâmpago, sons de aviões a jato, gritos fragmentados com escuros traços, gritos de alegria com claros entornos, e a pedra vai fazendo uma parábola, parando um instante a que um matemático/físico tire fotos, posando para um poeta antes de ser mais uma em meio ao caminho, imaginando que possa atingir o espaço infinito antes da curva final, a pedra curva o objetivo com destino ao rio da minha aldeia cubatense, e quando atinge a flor da água vai em câmera lenta pelas pétalas dos peixes, peixes bronzeados, com barrigas de tanquinho de óleo e águas servidas, antes de atingir o leito do rio, a pedra sente o fluir das moléculas estrangeiras, o frescor dos restos que negaceiam a boca dos predadores, chegando ao fundo num cansaço extremo de quem já viveu tudo