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Mostrando postagens de janeiro 18, 2013

A JANELA

A janela da verdade muda sempre, a parede gira-gira de tonteira, não fica num só lugar a verdadeira janela que uma posição desmente. A janela da verdade muda a toda hora de lugar, e nos esquece; a gente quer olhá-la, ela nos mente, se a gente não a olha, enlouquece. Por pensar nessa janela que se altera, por nem sequer prever os seus sinais, me veio a palavra de Descartes quando pensou e não parou jamais.

COMO EU NÃO TENHO VERDADE

Como desprezo a fortuna, minha pobreza é que cala. Pois por mais que me aproprie muito mais riqueza instala no que faço ou redefino, tirando ouro das falas. Já acreditei num sonho havido em noite gloriosa, fui escravo, já fui dono, amei a tarde gostosa, amei as manhãs com sono, acordado em minha glosa. Como não tenho fingidas idéias mas as consumo, quem me acredita falseia, quem me ouve, se confunde, quem imita o que desfaço não há cães que o circunde. Já acreditei num sonho...

EXILIO INTERNO

Disse Oscar que se alguém concordar contigo, tu estás no foco errado. Ele é que disse. Não eu. Mas acho. Quieto estou deste lado. Se tu concordas comigo, tem que ser bem concordado, pois sou de mim discordante; durmo de frente, de lado, e quando acordo é distante de onde moro, aproximado. Sou inquieto, confesso, pois tudo já está criado, há estilo colorido, estilo branco, estriado, e não me encaixo tão fácil, tiques eu tenho e não tenho, vidas eu vivo e não vivo, vejo em concreto e abstrato, e se sou caro por dentro por fora sou bem barato. Nasci no pós-fragmento, sendo inteiro-estilhaçado. Meu racional sentimento é de modo emocionado.