ela se surpreende com meu gosto por paredes com meu gesto de lamber mesas ela se surpreende com meu hábito de tanger o vento e por estar eu sempre a ajeitar o pescoço das esquinas ela se surpreende porque não sabe que eu sou um poeta que se esforça por não cuspir na cara do que sempre olha no espelho porque não sabe que me pesa escolher entre duas margens desnudando incertezas que tremem de frio quando as exponho nuas diante do abismo ela se surpreende com minha tamanha lentidão no falar um A ela se surpreende com o B que digo em enfado solitário já pensou se ela soubesse do desejo que há no D que grito? já pensou se ela soubesse que a vejo N dentro das vestes pesadas? ela se surpreende com a braguilha que abro carnívora ela na certa quereria que eu orasse em vez de torturar papéis mas ela me deixou aqui à vontade na beira do Sol e quando a Lua passa não consigo desviar os olhos
BLOG PAIXÃO PASÁRGADA, ONDE UM DISCÍPULO DE HOMERO E TÉSPIS OFICIA