Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro 28, 2012

EU DE IMAGEM SONOROSA

Baudelaire fuma na estação um poema-absinto. Intitula seus poemas e os nomeia como s(eu)s. Saussurre sussurra linguagens enroladas num charuto. Na minha imaginação só lhes permito isto. Leio agora quem não gosta da poesia do eu. No tempo da oral palavra O eu a memorizava. João Cabral queria ser engenheiro Mas Severino não pôde pagar a mensalidade. Sempre haverá o eu, o eu, o eu, Será sempre o eu a intitular o poema do não-eu. A poesia nunca acordará sozinha. É preciso uma voz que a lance a outros. O eu a repartir o espanto sempre dará seu canto À revelia. A rosa é uma rosa é uma rosa. Um eu plantou essa imagem sonorosa. Ilusão. Tenho de sair para quebrar o entorno do eu entupido. O eu ao assinar um poema do não-eu:  (EU)pitáfio.

AVE MULHER COM FLASH

Na chuva,  uma mulher  que enquadro  em meus olhos, adro. Sempre nasce  uma música  quando  me debruço  sobre esse quadro. Uma ave  molhada  com flash escorrendo  pela chuva. (A poesia seria mais  simples  se restrita apenas  à pele.)