Arruma as algas, Ofélia, Após morte voluntária. Ajeita a gravata nos chorões. O espelho do lago reflete suas mãos em concha libertando pérolas de orvalho, Preocupada, a certeza do sol, Com a mão, percorre o corpo inflado, Leva as mãos nos sapos, peixes, O lago-leito, seu grande mar aberto. Como enguia, faz uma ponte, seu umbigo no ponto mais elevado, a pele esticada, unindo os átomos das águas, cabelos-algas. Ela não ressuscita, e, mesmo assim, sente-se no direito de ser sagrada. Explora o resto de pensar no amor que esqueceu em superfícies. Abre as linhas, entre miniaturas de ninfas, Que lavam o lago, Um leve vento revolve o caminho de algas reais amarelas e vemos o algoz. Hamlet nem aí. Aguarda a perícia Com marcas de caveira na consciência.
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