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Mostrando postagens de janeiro 23, 2014

SEM MAIS ASSIM ATÉ O FIM

Uma mulher te ampara como na gravura. Você olha pra cima e os olhos te furam, como no parque de diversões. O filme se passaria em 1920. Não haveria mais fatos. Só o olhar dela te esburacando a alma. Sem mais nem menos. As chamas da íris te aquecendo. E a morte tua de flor na boca, ....fina e cênica.

TRÊS FICÇÕES

Eram três clowns,  três ficções, e sopravam  bolhas de sabão. E antes ainda  empinavam pipa  por sobre o reino  livre. Mas tudo mudou quando entraram  num jornal de sangue. Passando por  uma fresta de ferida foram acusados e condenados  à pena de viver, tudo noticiado em grandes manchetes para todo inglês ver e deturpar.

CAS-CAS-CAS SOLTAN-TAN-DO

Você não sabe. Ninguém sabe. Há uma pedra enorme. Quase não respiro. Fausto me jogou. De Sokurov. Não tenha dó de mim. Quase não res...piro. A poesia está ago-go-ra assim. E não há APMA para Poetas Mefistofélicos Anônimos. Há abismos. Há abis-bis-mos. Mas há amigos. Mas há frescor Embora as descascadas paredes. A alma, vermelha Na altura do pescoço. A pedra é enorme. E dó-dói. Como o som afiado Das cascas soltan-tan-do.

O TEMPO AVANÇA, CUMPADI

Não há nada mais senão satisfazer A sede de obscura clareza De quem não sabe que a cura Do escuro não vira. Esperam que você diga: O amor é bonito. A criança é bela. A moça é um sol. No entanto, agora, Como ontem, Não há belezas intactas Entre as palavras e o real. Está de alma fechada entre costelas, Sem ressalvas. Se fodeu.

VIRGÍNIA WOLF

Virgínia Wolf, após ler-se na carne de Orlando, foi sumindo  ao longo do Rio Ouse;  sem se conterem, as horas iam lentas  como num filme  de Tarkovski, com as gotas salsas na retina  doce do rio. Sempre que um escritor morre, as horas choram infinitamente mesmo que ninguém veja. Mas com Virgínia inundaram a cidade, velhas demais para se controlarem, velhas demais para o espaço das coisas. Pra que esconder sentimentos? Cronos já estava morto.

A BELEZA DA PERGUNTA

Vivente de avatares de diferentes faces, horizonte vertical de soberba humana, Diabo dentro de Deus, Deus dentro do Diabo, luz dentro de sombra, dia  dentro de noites, o dado do açodado, o aço no dado em dedos, terra dentro do céu, fel dentro do mel, vazio dentro do cheio, ventania e tempestade dentro da calmaria base. Para existir, um deus  precisa ser por nós pensado , por nós de crenças enodoado, por cima, por baixo, de lado, UM?

FAUSTO COM PERGUNTOSSOMOSE

O que é o bem? O mal vem-vem? O sal das coisas doces? O doce das coisas-sal? Pra onde o degrau do vento? Do vento qual? Sou ou imagino ver-me? Estou ou imagino estar? Sou o esposo da amada. Ou da amada o par? O que posso sentir? Dor ou prazer? Ir Ou ficar? A beleza resolve? O quê? Solve? Coagula? Faz Sensações nas células  do poema .