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Mostrando postagens de junho 25, 2013

JESUS DE POSTE

Só eu e minha falta de fé. Na rua duas viaturas. Nas golas da esquina. Estridula a lâmina da lua. Sempre vemos um jesus de poste. Nos observa, parcos dentes. Não tem medo da noite. Tem medo é do encontro. E da língua de nossa insônia, Letal para o seu mistério.

DEPOIS QUE INVENTARAM O PERDÃO

Perdão. Depois que inventaram o perdão... Mas perdão mesmo assim. Perdão por não ter tido perdão. Perdão por ser assim tão canalha Usando essa poesia para tal fim. Perdão a quem não conheço. A quem conheço e a quem irei conhecer. Perdão por me errar a mão. Perdão por errar. Por ter mãos que acenam por mais perdão. Por ter um corpo falho como buraco no chão. Perdão por uivar não sendo lobo ou cão. Por pintar este espaço com uma alma entortando. Por esquecer de pedir perdão tantas vezes. Por lembrar do que nunca valeu a pena. Por ter fechado os olhos ao que não deveria. Por escutar o bem com ouvidos maus. Por escutar o mal com ouvidos bons. Perdão por doer roubando dores alheias. Por amar deficiente o suficiente e o mais. Perdão por esmagar em ti o meu jardim, Por encostar em tua garganta esta faca.