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Mostrando postagens de fevereiro 19, 2014

AUTOR COM PEDIGREE

Querem que tenha  uma haste Estilo talvez, pedigree Uma palavrinha em si Sintetizando  o quê Mas quem eu sou foi por ali Deixando a um eu que está Muito farto de se ouvir Outro eu em baralho Todo espelhado de si

O MITO DA CORUJA

Falam de uma corujinha que quando pia faz medo. Dizem gostar de dormir Em espinhoso arvoredo. Espalham notícias más de que ela provoca o frio nas axilas de Deus e no saco do Sombrio. Falam que ela assombrou mil casais de namorados, e matou a sangue frio anjos endemoniados. Falam que caga em destinos, e que a ninguém dá valia. Que contra santos e santas arquiteta bruxarias. Ninguém decifra o seu nome, dizem que mora em jazigos; eu vi que é simples coruja, mas não ligam ao que digo. José diz que ela é safada, faz macumba em várias bandas. Que ela já está marcada para morrer em cirandas. Maria diz sem recato qu'ela polui o que é bento, que de neurônios queimados não possui pensamentos. Mas é só uma coruja que se arrepia com frio. Tá noutro lado do espelho bicando rostos vazios.

COMO NA IDADE MÉDIA

Um mundo um tanto torto. Houve três mortos ontem. Nossa corte em sangue. Mas poderia ser ali o corte. Poderia até ser ali. Saí pra comprar pão sem sorte. Segurei firme as fortes correntes. Apertei firme as moedas lerdas. Encolhi firme o pescoço solto. Os buracos não davam receio. O cheiro do lixo no seio de Brasília Sempre chega aqui. Lata de mijo de permeio no Planalto. Como na Idade Média, feia. Vivemos idade cheia, violenta e sacra. Contratam sereias assassinas na rampa. Em resumo, comprei o pão caro. A padaria estava iluminada pela TV. O dono, uma máscara de capital e medo.