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Mostrando postagens de dezembro 1, 2014

FLUTUANDO

O afogado vai flutuando, flores e folhas e algas se juntam aos peixes mortos que cria sob o braço direito, um dia ele viveu na superfície, amou, comeu, defecou, amou (ou pensou) e agora como um barco vai ao sabor da paz do rio  com odor de deuses mortos

TENTANDO A PALAVRA

A chuva das mãos tenta furar  a pedra-frase mas cega  pelo excesso de nuvem em seus dedos vai de lá pra cá de cá pra lá e tudo é lógico sobre a mesa como dois mais dois e a chuva tenta furar o bloqueio dos gestos de pedra com nuvem de sonho sempre que pode

A CAIXA DA ÁRVORE

Tirei a caixa de cima do guarda-roupa. Ícaro. No mar icário da cama a lancei. Lençol azul manchado de borra e porra. Montada a árvore, as mãos silenciaram. Os sofás azuis encapelaram um instante. Nossos navios quase foram ao fundo. Os galhos da árvore já com neve, sinos, bolas, estrelas artificiais, pisca-piscas, presentes minúsculos para as fadas dos pivôs dentários, tudo para acender a alma do natal, cheia de cupins trocando asas...