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Mostrando postagens de abril 14, 2014

"TAO" E QUAL URBANO

Na esquina, o TAO de Três Reis Mag(r)os E bandipoliciais não convidados. Balas como presente. E foto sem cabeça Nos jornais. Nos olhos A ausência de perspectivas. Crowley. Guerra dos Tronos. Eleições manipuladas.

SAPATO DE LADO

Eu também sou triste, Oitenta por cento das vezes,  Como um sombrio sapato de lado. Sou um chapéu escuro e pequeno Que não serve nem pra mancebo. Pensam que sou bravo Como um travesseiro Recheado de pedras do rim. Encontrei uma vaga na galeria E a preenchi com minha alegria. Galeria alegria, entendeu? Lá encontrei o  Amigo  Atemporal . Um amigo mais da alma que do espaço. Ele me disse que minha alma fedia a chapéu. Escuro e triste e com corcovas.... Perdi os cabelos. Quem os achar devolva. O endereço é o aeroporto de minha cabeça. Estou disfarçado de chapéu escuro. Corcundas crescem na minha aba. Vai ser fácil me localizar pelo fedor  de  úmido feltro. Não sei mais escrever senão denso. A chuva cai de viés na minha opacidade. O  N unca me dá sua filha Nada pra dançar.

RISO PELA METADE

Que haja a Arte, tá bem? Que tudo aconteça Como para a estréia. Que a queda seja a jato Com final aos saltos Em cada lado Da instalação. Desculpe o jeito Com que me perco Em desculpas Depois que inventaram A desculpa. Ficou fácil Olhar de lupa Pra trás de Cuba- Tao? Desculpe os olhos As pálpebras Sombras- Velhas córneas Cristalinas Olheiras Perdidas Na moldura. Desculpe o sonho Desculpe o gesto Desculpe o riso Pela metade Desculpe eu ser Não-ser-par(t)ido Bem apartado. Desculpe o turno Desculpe o andar Desculpe voar D'asas vencidas. Que minhas mãos Sempre desgarram, Metade em roubos, Outra catando Sobras de arroubos. Desculpe a morte Da letra infecta Que me persegue Em falsa letra Como zumbi. Desculpe eu terminar Aqui. Desculpe a sede de ser eterno. Desculpe o meu verão de inverno. Desculpe eu não terminar Como eu te disse ao começar. Desculpe eu não parar de falar. As ondas batem nas rochas. Mas quem circula em meu lugar No Walking Dead? Desculpe o amigo Que bebe e fede. Desculp

DANÇANTE O ASFALTO

Atravessa a avenida. Susto. Tropeça. Pressa. Tremem os óculos escuros. Risos no som de seus gestos clarificam o asfalto e suas flores. Seu vento doce não atrapalha os átomos do sangue à volta. Ontem ela se distraiu e bronzeou de beleza as faces do asfalto. Guardei na memória, por isso atropelo agora os olhos e digo "ação!" para o recomeço: A lua reluz o sol de novo na alquimia do ouro interno, de novo o asfalto em flor  dançante ao flautim nas nuvens.

DEI MINHAS PALAVRAS A FULANOS

Fulano pediu que fizesse um poema a que ele entregasse a uma tal de Alguém, uma com um reino em cada lado do sorriso, e com o dom de paralisar com o perfume aos machos mal saídos para a puberdade; fulano queria que ela o louvasse como a um bom amante e eu escrevi como se eu o fosse. O poema que fiz deu resultado. Estão casados desde ontem. Ele bebe como um porco embora belo. Ela gosta de palavras bonitas, que não são dele. E eu estou só fazendo flexões de chopp E mal riscando as mesas maltratadas. E ele com o poema que fiz obteve um teto, Grana e vinte reedições e deixou a tal de Alguém Para Ninguém afogar no mar de Camões. E com meu poema ele multiplicou seus herdeiros Em cada país do Ocidente. E eu que não aprendi a multiplicar me espalho riscando mesas maltratadas.

EMBORA DE NADA

Tudo estava escuro. As águas paradas  no oceano. Os ventos dormiam  entre as montanhas. A luz ainda  estava amarrada  à grande rocha. Os carros esperavam  o abrir do sinal. As mães aguardavam  o momento de chorar partidas. Executivos manipulavam  as estatísticas e julgavam. Baleias ainda descansavam  encostadas às ilhas, Mas com os dias contados. Até que a alma clareou,  embora de nada adiantasse ao livro que encalhava na banca do Ivo e por isso ia criando uma síndrome do pânico..

DESISTI

Da primeira vez que a vi, estava atrás de crisântemos. Escondido, não percebi  que ela queria me engolir. Da segunda vez, ela andava pelo jardim do velório. Os raios seus, sombrios, me miraram. Mas...escudou-me um branco círio. Até a terceira vez eu não dormi. Sonhei, sonhei, e sonhando, mal percebi a foice me riscando, e não sei como não sequei... Veio a terceira. A pedi. Eu na tumba e ela fedendo. Fugimos para o Hades... Minto. Desisti. Mas a Morte.. não desiste nunca...

RECONSTRUIU-SE

Armou o jeito febril De ser desejo e vento. Em pedaços,  A cidade de si Reconstruiu. Quando a olhou  No trânsito Entre a cozinha E o quarto, Embora um pouco lento, Recuperou o dom  Selvagem do afeto.