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Mostrando postagens de junho 24, 2013

EXCESSIVO NÃO

Como firme tu estavas Ali bem agasalhada No Aeroporto Galeão, Uma força com ternura, Jeito de mitologias, Encanto com sedução! Quanto mais eu te olhava, A alma se me escapava Entre medo e imensidão. E teu riso era marcial E ao medo dissipava, Embora o som de trovão! Como firme tu dormias, Cansada depois da espera, Do atraso do avião! E eu de perto te pensava, Sabendo que me escapavas, Por dor maior que o perdão! Quanto mais eu te esquecia, Na direção mais cabia Devaneio e solidão. Mais lembrava e me carpia, Pois te afoguei na agonia Do meu excessivo não!

O DESFAZIMENTO

Livro antigo sobre a mesa, chegará o calor e escorrerás, águas-saber em plenitude. A casa estará molhada, teu ser-fácio amarelo códice, no beiral da íris-teca, mas já estarás na ilha-leitor Lia-te, corpo em decúbito, meio rouco, ansioso, já eras centenário, mas me aquecias. Livro em rugas, belo livro frio, tuas folhas não mais, traças em ordem unida, contentando o silêncio. Saberás o mergulho ao penetrar nos poros do solo, a diminuir o visível, e teu corpo irá, em verticalidade. O ângulo para baixo, À força do desfazimento, A exceder uma metade do nada, Posfácio em transparência. Quando fores quanta, então ficarás em paz, em algum lugar, na alma do Ínfimo. Num canto mádido do Tempo, teu corpo será ser de memória...

VERDADES BATIDAS

Conheço uma lenda  de uma parente distante de Joana, a dura medusa, que quando mais nova batia verdades em árvore, mal acabavam de nascer, pelo simples fato de achar que não podiam ser frouxas, que estariam mais calejadas quando os mortos as tentassem. Tinha de lavar as mãos com água de mentira, depois de cada pancada, depois de cada pancada. Conheci outra, que quando mais nova, bem mais nova mesmo, era batida em árvores. Ficou marcada na alma com tanto espinho, que quem se aproximasse morria do veneno em suas pontas. Tinha de lavar linguagens, mas não tinha tempo, então espinhava outras, então espinhava outras com absolutos nas pontas.