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Mostrando postagens de janeiro 17, 2013

EM SUARÃO O VELHO CÃO III

Como o velho cão tá exibido agora! Pra todos late: - Olha a minha pedra! Que lindau! Que redondau! Que branquinhau! (Dizem que os cães negros também preferem as branquelinhas). Pituxa late também, mas com certo ciúme de Max.   Max é agora um cão Sísifo. Cão de Marta e Zé Roberto, condenado a rolar a pedra enquanto viver. Porém, não vê como castigo.   Aceita o destino por sina dos olhos azuis. E sua ternura é um luar sob pelos negros. Por vezes, cansa, pois, é um cão ancião, um sábio cão ancião, com doze anos ou mais,  dizem seus carrapatos ancestrais. E quando cansa gira, como uma máquina pesada, e senta bem devagar,  pois seus ossos doem como amor de mar azul. Pituxa o segue, tremendo todas as patas....

EM SUARÃO O VELHO CÃO II

Contam que Max, um cachorro velho,   queria um pacto com a Noite: ele uivaria e ela lhe presentaria com olhos azuis. O cão tinha tara por olhos azuis. Talvez de tanto ver, sentir, o   mar, ou latir pras estrelas.    A Noite disse: - Não! Basta moveres a pedra! Mas....- Não tem mais! Basta isso! O pacto foi feito com sangue de cão. Então, quando, de noitinha, recebe os olhos de céu, late roucamente,  e move ao centro a pedra  que a Noite sempre esconde dos lados. Pedra que virou cúmplice primeiro, depois, amor,   trocando palavras com ele no morto idioma calhau, língua de pedra,   língua de antes das primeiras mães. Em pouco tempo aprendeu  a esfarelar .

EM SUARÃO O VELHO CÃO I

Muitas folhas secas sob as ondas, espinhos, cacos de dor do mar aberto, e um barulho marinho do começo das eras. O cão velho de orelhas cruzadas  late com os fogos e seus olhos doces sorriem do dever cumprido. A cadela idosa se esconde, pequenina e   rápida, embora a artrite. Fora a primeira a chegar na casa.   Ela seria Xuxa, não se chamasse Pituxa...   

MAGRELINHA

Naquele banco de praça, a magrelinha era uma evidência fóssil. Ela era um dinossauro naquele banco de praça. Entre tantos gêneros e espécies, ela tava lá, insistindo em dar sorrisinhos aos transeuntes. Sua roupa assemelhava escamas. Com menos armadura óssea que o desejável. E angústia. Ficara submersa em poeira muito tempo. Foi quando adquiriu estruturas como chifres ou cristas nos ossos. Está ali, naquele banco, em gesto fixo, corpo teso, de flores seu sorrisinho, a se espalhar no entorno.

INPUT OUTPUT

Esperar em modo de in(segurança) Que audaz pensamento nos recriance. (A moça espera que o chato chegue E a convença ao xamêgo no chat) Ele fingirá de novo. Cazzo. E ficamos a esperar no modo "input" Que aparem as brigas "output". (Em algum espaço uma mulher apedrejada Acordará com terra até o pescoço).

PENA O HOMEM

Sempre quando passo por ali, me fragmento. É que ali um homem pena. Não sei como consegue ser gordo. Há vermes nos outros homens. Ali também há uma TV. Nunca saiu daquele bar. Sei que sempre teve aquela TV. Ultimamente, as imagens das chuvas. Chuvas e sons inaudíveis de dores. O homem que pena também olha a TV.