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Mostrando postagens de março 10, 2014

CERTO, SOU INCONSTANTE

Certo, sou inconstante. Mas veja bem: se me gostas Isso é importante? Haverá a certeza sobre ti em mim? Neste mundo estranho a mesma pergunta se repete: O que sou? Quando sou? Como sou? E o que faço Quanto ao gume de alheios canivetes Sobre os pobres de quebradiças almas? Um dia terei uma casa feita Em tijolos das poças da infância: Quando deitar sob a terra, um teto Fechado, sem reentrâncias. Mas agora, o bom é sonhar No Bistrô da Brasil, sentado, A canção do Vinícius na mesa Com cãezinhos engarrafados Afogados em chopp, Que não me ensinam nada.

TRAVESSIA ATÉ O SER DE PAPEL

Lembras dos cães em nossas almas? Quando encarnaste em meu verso com sífilis, Quando nasceste em rocha filipina, Quando reencarnaste puta gangrenada, Quando salvei-te de um suicídio Num daqueles esgotos franceses? Quando nasceste como um bicha inglês, E me chupaste o membro com cancro? Minha corcunda de então tremeu E fiz eu mesmo teu assassinato Empalando-a nas grutas de Lascaux. Venho dos tempos antigos, de Quando as conchas marinhas tinham xotas! Em nossos castelos vampíricos Deusas do mar vomitavam! Nossos mordidas nas moças da aldeia Eram certeiras e fartas! Quando nasceste mendiga africana, O urubu bicando teu filho morto No primeiro dia do ano 1970 Era minha mais torpe encarnação... Sem dor devorava teu fruto! Foi quando me mataste a dentadas, Arma de mãe; depois reencarnaste Como cigana presidenta vendedora Doceira prefeita deputada e me esqueci, Virando um ser de papel. Venho dos tempos sem céus, e Hoje, neste teste pra TV, Me encarno em um livro de terror Que entreabres inoc

DINOSSAURO DE ESCOMBROS

Um indiferente penedo Ignora seu ser-chuva. Ausente de escudo, o sísifo Suporta a erosão do ser. Espera quem sabe o meteorito Que o redesenhe Antes de ir e enterre O cagado de seus escombros. Talvez quando chegue à velhice Ou de tanta gula de paisagens Recrie as órbitas do fervor perdido Por crenças de fim.