Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro 11, 2013

UMA ENCOMENDA (OU A RESPOSTA MATA)

Encomendei uma torre. Chegou há pouco. Barulhos tremendos ouço. Ela se parece com uma caixa comum, retangular, paredes laterais, baixo, cima, bem vedada. Bato nela com o punho. Mas nada. O barulho tá lá. Me lascando os ouvidos. Não vejo a mínima fresta. Que merda é essa? O quê? Bem, merda vem do latim. Pejorativa, quer dizer caralho. Merda é muita coisa : polissêmica. A gente digere e o que sai É expulso pelo ânus (cu), Se este estiver vivo (pisca pra ver). O barulho é como de um choque de mistério. De alguma coisa enganchando noutra. ...Se eu abrir a caixa acabará? É que pessoalmente começo a gostar. Começo a gostar de não abrí-la. A gostar da tortura que causo Em estranhas criaturas concentradas, Querendo sair e eu não deixando. Desleixo. Saio e deixo ela em casa. Tenho de ensaiar uma peça que me quebra. Nunca ensaiei uma peça que me quebrasse. Essa foi foda. Quase me perdi. Não, me perdi. Estou perdidamente apaixonado pela paixão Que tenho ao

AOS TEUS OUVIDOS

Em mim, um pensamento proibido, antes da palavra ser-não-ser aos teus ouvidos. As páginas meladas pelas maçãs oleosas do Éden.

PERIGOSO SAIR

Em quatro de outubro de setenta e quatro, estava a andar no caminho entre o colégio e algum lugar. Um menino jogava pedras num homossexual. Um homem brincava de enterrar uma mulher até o pescoço. Uma menina me olhava com gula paleolítica. Anne Sexton morria naquele dia. Por isso, ao chegar em algum lugar, senti a gordura vazando da vida, como a mulher saindo do homem, o homem da mulher. Encontrou a noite desejada, lugar de mito menstruado. Ao longe, a rubra doença do amor. Ontem, foi dia de lembrar dos corajosos, para prevení-los de que é perigoso sair. A porta de sair emperra na volta.

MINHAS PALAVRAS

Minhas palavras estão cegas. Já não são claras como o ódio. Há girassóis sorrindo  Como salgueiros-chorões.