Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de março 12, 2014

SE CARONTE É HUMORISTA

O sonho não vê a morte. Ou o sonho a desconhece? Pensar nisso me dá norte. Mas não pensar é mais messe. Morte é o final de nascer. Sei que isso até despista. Mas o que posso fazer se Caronte é humorista? Porém, se a morte se afirma e o que sai de mim claudica, suavizo este jardim e o verso salva a cantiga. Você me diz, ó moderno, que sou velho e a voz sandice? Mas nem falo,  só escrevo tudo em fluir de apocalipses.

CONVERSA FIADA

Sou branco. Meu ser não recebeu Batismo de tambores. Mas tive bisavó negra, Avô da Andaluzia, Cigano tom nas veias, Ascendente holandês (Com dente), Português, tupi, Mas sou branco, Pálido, sem encanto. Sou branco, envelhecido, Mas nasci com Carmen Que me enfeitiçou Dançando ao atabaque Que Maria Benzedeira Me tocava ao fim da tarde Na Fernando Costa Perto do Seu Aires Que me deu a cota De amor ao futebol Que me basta. Sou branco, ator, poeta, E não sou a não ser Quando estou no sentir-me.

DEUS, SOFTWARE (APOCALIPSE)

O que mais procuro Se apresenta dentro Do que necessito: Verbo coentro corpo Corpo inscrito na alma, Sem inermes nexos Bom sítio de amarmos,  Apesar dos vermes E do Fim que os Maias Ternos nos trouxeram? Mas o poema é velho: Fala e talha o que era Poema ou parabellum? Inexato ou falho? O Eu em revertério Com largado logos (Deus sem software Em modo esperado?) Quebre o Mundo em Festa-  Lipse e em clarins

FEITO DE CORTES

Quando escrevo, Exercendo minha força, Abro rochosos papéis Com lâminas de letras. As minhas lâminas sem fio Fazem cortes semânticos E internas rochas Adrede esfarelo. Por isso, sou forte de cicatrizes.

PONTUAÇÕES ACHOCOLATADAS

Quando a lua era o mais puro brinco da noite antiga, e mistérios se apresentavam alucinantes, aparecias, Etíope Princesa Escrava, carregando nos olhos mil impérios, não de ouro, faiança, ametista, lápis-lazúli, cornalina, turquesa, feldspato, mas de esperança de amor, tornando-te galáxia de palco no peito da Ópera de Verdi. Uivavam signos em ponto final, esvaziando os cantos das pirâmides, e, sob a guilhotina de teus olhos, pintei para ti um pescoço-texto com pontuações achocolatadas.

O ...É

O ....é Barco sempre adernando E vindo à tona: poeta. O.... é oceano sólido De peixes líquidos. O .... é eis: Passo reto e Torto: ser esse: Poe(mar)ando O ......