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Mostrando postagens de abril 1, 2013

VOU MAS DEIXO GUARDO ESQUEÇO (reelaborado)

Vou mas deixo-te o espaço Onde possas traçar a volta de João e Maria Vou mas deixo-te o risco da Bruxa que engorda dedos Para que possas marcar as mãos com gorda saudade de mim Vou mas deixo-te a mania que tenho De deixar espaços para o pretérito Vou mas guardo no sótão nosso ovo de mágoas a zíper Vou olhar os classificados Uma Super-Mulher que faz tudo se oferece Inclusive Bife de Panela prepara com Bolo-Construção Vou mas guardo-te a zíper Vou olhar por aí até você voltar Como não sou de ferro tenho de tirar o atraso Do relógio vagabundo do Paraguai Que você me deu no dia do aniversário do casamento Que eu me esqueci mas quero me lembrar Por isso quando você voltar me lembre de lembrar A mania que tenho de pescar inexistencias na memória

CUBATÃO DE VINTE E POUCOS

Quando tinha uns vinte e poucos, agitou o leque em butanol tolueno, benzeno, acrilato de butila, hidrocarboneto, até xulezasso de botina pra zuar o c(l)oreto. Ela era assim: Cubatão era doida, doidíssima, de tanto tóxico, em 1979. A gente saía pra fumaças homéricas. Hoje, ela é careta, 482 anos com corpinho de 66, e tem muitos filhos pra cuidar. Teve recaídas, vestindo fios de rio oleoso e colorido. Mas passou.

ZELLUZINDO MACHADOS

Amou-o demais a vida.  Por amá-lo bem a vida mais a vida muito amou.  Não fez com ela dívidas.  Sempre à vida muito deu.  Honrou tudo em seu tempo. Sonhos? Sempre maiores que o tamanho do som..  Amigos teve. Conquistou-os pra todo o sempre.  Como se deve fazer com os amigos por amor ao além da Amizade. Um leão. Era um leão. Ou melhor, um mico-leão-dourado.  Tinha ouro na sensibilidade de leão de Oz. Ágil como um leopardo no estender a mão.  Mas suave no carinho com seu som. No palco, em vitalidade, seu corpo acordava sons dormentes. A Arte era a coroa que desbastava  com seu machado de eterna juventude.  Seu jardim tinha flores de rock,  maracatu, balada, rap e muitas outras flores populares.  Era tanta vida em seu ser  que sua alma não cabia mais no corpo que rasgava.  Por vezes, a carne cambaleava com a leveza farta do seu ser. Um dia acordou. Na porta um ex-deus num furacão erguido.  Talvez do Kansas ou de uma canção surgido.  Empunhava uma guitarra. E o chamou pra farra. Zelluziam

NA FAIXA O HOMEM (reelaborado)

Um mendigo.... Que ardente apelo o Faz ter dor por dentro? Seu bafo deforma ou Senta diferente? Nas tetas da rua As marcas de dente São dele, são tuas E de toda gente. Em volta, monstros com pneus. Um homem atravessa na faixa. Com o que sobra, o asfalto. De tanto mover os pés, Quando grita, o grito é salto. Nem bom, nem mau, Em meio à fuligem Da sua consciência Em vertigem. Descalço, no tronco Dos pés, o machado Do tempo. Invisível. Ela está sorrindo A andar, e, andando, Procura um espelho, Para seu ser côncavo. Tem cheiro de sombra O seu desencanto.

ÉTICA TICA (reelaborado)

A Ética tem que ser atlética? Tem que ser raqu(ética)? Preenche cué(ti)cas? Revela calcinhas? É universal? Subjetiva? Tem palavra na Política? A quereríamos Pol(ética)? Há política de Palavra? Fotografa a moda ágrafa? Nada de costas nos maressígnicos? Mata amálgamas líricos? Côncava? Convexa? Faz “flash” em “realities”? A Ética inconseqüente Por vezes mente e Lista mil motivos egoístas Pra não focar o Dever. Isso no Brasil Onde a Ética faz juras Em 1º de abril.

NÃO SE SABE SE A DESTERRO

Não se sabe se a desterro, Não se sabe se a naufrágio, Ou se o seu mapa deu erro, Ou se da nau lhe empurraram. Só se sabe que o Ramalho Aportou no Cubatão E pôs amor na filhinha Do cacique, com desejo. O Ramalho e sua índia Aqui se amalgamaram. Ajudaram ao Martim Com saberes que aliaram. Martim doou sesmarias Para boa ocupação. Vieram depois rap'rigas Para a multiplicação. E Doutor Pinto, Rui Pinto E outro Pinto notório Ganharam sem nenhum risco Cubatenses territórios. Pintos deram joãozinhos E outras mariazinhas. Com tal enchente de pintos Cubatão pintou todinha.

SUANDO AO TRAÇAR-TE

Tez ensolarada, Desenhei-te o rosto Toando na toalha Teu sonho feliz, Sei que fiz, mais nada. O traço retraça Teu nascer em mim E teu rosto altar Não dá dor ou jaça Desenhado aqui. Nem te iguala o ar, Nem te alcança o céu. Doce, és mais que mel; Sal, és mais que o mar. Pudesse eu viver Leve, no traçar O momento algum No (in)finito ver A ti, fartara