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Mostrando postagens de março 18, 2014

CARNE DE MINHA ALMA, OUVI-ME

Carne da Minha Alma, ouvi-me!  Vós que suais todos os meus cansaços! Vós que sentis todos os meus tremores! Ouvi-me! Vós que estais fadada a sentir e a ressentir e a dessentir as peles do mundo! Vós que passais largo tempo cheirando todo o pó das incertezas! Vós que roçais paredes, muros de linguagens, ocultas e claras! Vós que sois o amparo de meu logos/ossos! Carne da Minha Alma, ouvi-me! Vós, que encho de cuidados contra acnes de mágoas, feridas de anseios,  vitiligos de ódio, manchas, gorduras de sadismos cruéis, beliscões extremos de invejas, fedores humanos! Vós que me encheis de esperanças tolas de que um dia sejais eternamente limpa e sem fedores!  Carne da Minha Alma, ouvi-me! Vós que gemeis de anseios, de dores, de sede, de fome, oriundas da dúvida nem sempre livre, nem sempre pura, nem sempre impura, de que existo! Vós que vos encheis de infinitos ante o toque da Poesia do Universo! Vós que tendes vontade de Viver depois do roçar de La Ca

NÃO PERCA TUA ALDEIA DE VISTA (PARA LEONARDO SÓ)

Estás voltando para tua aldeia, depois de tanta luz e tanta sombra. Mais sombra e luz ainda virá. Para isso fomos feitos: para os defeitos das virtudes e para as virtudes dos defeitos. Como Ulisses retornou à Ítaca, depois de enfrentar os monstros em si e fora, de arrostar o deus invejoso, os feitiços do amor. Estás voltando à aldeia. Lá o espera o quê? Mais esperança? O primeiro amor? Últimos amores? Não pecaste contra o céu. Não és indigno tanto assim. És humano como a glória de o ser. Os porcos são grandes professores. Um aperto no coração? Gastaste sem temperança. Beijaste os lábios das egípcias que se davam nos becos, comeste o manjar das hetairas modernas de São Paulo, empurraste a vida nas paredes, na ânsia de perpetuar-lhe o prazer. Vestiste o melhor da Fenícia. Calçaste sandálias de legítimo couro. Mas tudo é tão efêmero. Mas tudo é tão efêmero. Sobreveio uma grande fome. Teu coração teve fome de amor e estás voltando para tua aldeia.