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Mostrando postagens de maio 5, 2013

MAGNO DIREITO

Sei que, de mãos calosas, um homem Pode derrubar um prato. Mesmo tu, Sem calos, adquiriste o direito A derrubar o fogo de Prometeu. É teu o magno e inelutável direito De esfarelar a luz Moldando signos em carne escura E de chorar como quem assistisse novelas E tivesse os olhos mortos em todas elas.

DESPREZAMOS A CADELA

Ficou a casa escura. A porta fechada. A cadela mugia. Cadela ou boi? Como um boi-nostalgia. Mudamos para nichos de plástico. E continuamos indo a nossas igrejas. Repito, a velha casa ficou escura. As paredes descascadas. Infiltrações no teto. A porta fechada. A cadela mugindo. E a gente via de longe. A salivar ante o findar Da cadela Ética, Que foi morrendo lá dentro, No lar que abandonamos. Apesar de jurarmos amor à cidade, Deixamos a cadela lá.

DECLARAÇÃO À ARTE

Sou firme no amor a ti, ó Arte, embora dúbio seja, a me espreguiçar, sem vontade a não ser de ser  folha verde a flutuar-te, sou firme ao seguir e rastej'Arte como Morrison a dionisar-se, caem de mim os cílios por dizer-me poeta e estar convencido de o ser, depois os olhos, dedos, mãos, pés, pernas, tronco, cabeça, e no caminho cheio de um eu a varejo brota um buraco qual uma boca a sugar o nada de onde parto para qualquer coisa que o amor à Arte falhe