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DIA DIGNO

Um dia às vezes  é um dia digno de noite. Turvemos o lago. Apesar do outdoor uivando, um olhar verdadeiro é melhor mas você ainda pode cantar como fosse neve de sonho jamais descrito, mordendo-se pra ter certeza. Deixar os outros que ficam com suas certezas algemadas, sem saber o bom de tatear as paredes da caverna com sangue nas unhas mas entenda que a caverna é onde você se engana e só é bom como ficção e o sangue pode ser de groselha, melhor, façamos um filme das coisas que vemos, das coisas que amamos, e aparemos as unhas. Não podemos nos entender tão fácil. Turvemos o lago.

O GOLFINHO

- Vez em quando voltarei para mais me lembrar do quanto pode ser crime o demasiado amar! - E se eu estiver chorando por estar desaparecendo do tempo onde me arranchei sem querer e depois querendo? - Não deixarei de vir nem que o mar seque ...quer dizer, se o mar secar isso vai me impossibilitar, mas, enquanto der, e a senhora golfinho deixar... E quando no ar me paralisar, numa pirueta sem igual, extremamente grato  pelo belo gesto  que fizeste  ao me arpoar com ódio e com misericórdia, estenderei as feridas lisas, que sangram todo dia, aos raios de tua visão e darei piruetas em volta de teu grande coração. E farei um mar  de teu gesto de ódio (próximo do amor como todo ódio que se estabelece até entre o espinho e a flor)

VITAL POEMA TAL

Fazer um poema vital é pegar a vida, tocar, cortar, doer e ser no papel o que seus sonhos nunca sonharam que você fosse. E quando acabar, surpreender-se com uma face ao espelho toda enluarada de sol, transgredindo,  ao pichar nos olhos afiados a enviesada carne. Acabar?

A CRIANÇA APONTA OU AUSENTES

Sem que o tempo importe, Há poemas-portas: Sonhos-música. As chaves são Recurvadas Memórias. Tudo é volta. Vês nas mãos Da Vida um simulacro de Lâminas bem finas? Frágeis aportes De irreal atrito. A criança aponta Retratos de névoa. E ao que é de ontem Dás riso e sonho Sem fronteiras. Ter às costas Asas em palitos, Passado insone, Varetas quebradiças, Dificulta espaços... Fogos molham, Riscos entortam Piões, gol caixotes, E inocências ausentes.

ESPARRAMADOS

Penetrei surdamente neste reino denso, mas escorreguei em xixis-sintaxe, depois me levantei e vi palavras a dormirem todas na sala, drogadas de romances de contos e crônicas, esparramados pelos cantos, veio se aproximando Signo, o gato que descrio quando crio, o rabo abanando como ideia balouçante

ESTAR NA FÁBULA

Há muito estamos nas fábulas. Elas nos contêm. Me torno o lobo das águas de dentro. E devoro a narração. E me torno o narrador. Da fábula que me envolve. Como uma selva mística. Onde o tempo devora. Mas não a fábula dele. Um bicho estende a mão. O frio a congela.