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RASGA-MORTALHA inspirado em poema de Edgard Allan Poe - The Raven (O CORVO)

Meia-noite? Pouco mais. Tava zonzo, sem noção. Folheava um pornô raro... Carlos Zéfiro! Não leu? Meu olhar em gozo armado debulhava sobre a mesa. “Ouço o som do interfone!” A dor na espinha excedeu. “Quem toca meu interfone? ...Não é nada, penso eu. ...Impressão de quem bebeu.” Foi no final de setembro. Meu aniversário, eu lembro. Não paguei a luz. E angústia ao meu peito arrefeceu. Ansiava logo o dia. Essa noite me soprava Na verve desmiolada poema que me fendeu, Lembrei dela, bati uma. Se chegasse alguém fudeu. ....O gozo me entorpeceu! A cortina na vidraça balançava, piorando Minha instável arritmia, que o medo reviveu. Ouço de novo o interfone e a preguiça se vai... “É uma cliente atrasada que o horário esqueceu??? Mas massagem a esta hora???Meu coiso já amoleceu. Puxo a braguilha. Doeeeeuuuuu!” Corro e ponho a chave e falo antes de abrir a porta: “ Moça, perdoe a demora, quase a chave se perdeu. Estava morto de sono, e o interfone está tão fraco. Exte...

ORAÇÃO A POESIA

Eu andarei vestido e armado com tuas armas, para que meus detratores, tendo embora fôlego, não me alcancem, tendo dedos, não me ceguem, tendo distância, não me cuspam, e nem em igrejinhas literárias excludentes eles possam me fazer mal. Críticas ego/cêntricas ao meu espírito alcançarão, para que eu melhore, e que as mãos dos inimigos se quebrem sem o meu corpo tocar, poemas frouxos se arrebentem sem a minha obra simular. Louca Poesia, me proteja e me defenda com o poder de seu atroz delírio, me cubra com o seu manto desesperado, dando circulação e primor estético a todas as minhas dores e aflições, e felizes gestos, e alegres feitos; e que Dionísio a braços com Apolo, em divina misericórdia e grande corda de irrisório poder, sejam minha defesa contra as maldades e perseguições dos meus inimigos, dentro. Poesia Infam/inta, estenda-me teu escudo e as tuas poderosas armas, defendendo-me com a grandeza dos grafemas, e que debaixo das patas de sua fiel quimera meus medos sejam esmagados a ...

DIA DIGNO

Um dia às vezes  é um dia digno de noite. Turvemos o lago. Apesar do outdoor uivando, um olhar verdadeiro é melhor mas você ainda pode cantar como fosse neve de sonho jamais descrito, mordendo-se pra ter certeza. Deixar os outros que ficam com suas certezas algemadas, sem saber o bom de tatear as paredes da caverna com sangue nas unhas mas entenda que a caverna é onde você se engana e só é bom como ficção e o sangue pode ser de groselha, melhor, façamos um filme das coisas que vemos, das coisas que amamos, e aparemos as unhas. Não podemos nos entender tão fácil. Turvemos o lago.

O GOLFINHO

- Vez em quando voltarei para mais me lembrar do quanto pode ser crime o demasiado amar! - E se eu estiver chorando por estar desaparecendo do tempo onde me arranchei sem querer e depois querendo? - Não deixarei de vir nem que o mar seque ...quer dizer, se o mar secar isso vai me impossibilitar, mas, enquanto der, e a senhora golfinho deixar... E quando no ar me paralisar, numa pirueta sem igual, extremamente grato  pelo belo gesto  que fizeste  ao me arpoar com ódio e com misericórdia, estenderei as feridas lisas, que sangram todo dia, aos raios de tua visão e darei piruetas em volta de teu grande coração. E farei um mar  de teu gesto de ódio (próximo do amor como todo ódio que se estabelece até entre o espinho e a flor)

VITAL POEMA TAL

Fazer um poema vital é pegar a vida, tocar, cortar, doer e ser no papel o que seus sonhos nunca sonharam que você fosse. E quando acabar, surpreender-se com uma face ao espelho toda enluarada de sol, transgredindo,  ao pichar nos olhos afiados a enviesada carne. Acabar?

A CRIANÇA APONTA OU AUSENTES

Sem que o tempo importe, Há poemas-portas: Sonhos-música. As chaves são Recurvadas Memórias. Tudo é volta. Vês nas mãos Da Vida um simulacro de Lâminas bem finas? Frágeis aportes De irreal atrito. A criança aponta Retratos de névoa. E ao que é de ontem Dás riso e sonho Sem fronteiras. Ter às costas Asas em palitos, Passado insone, Varetas quebradiças, Dificulta espaços... Fogos molham, Riscos entortam Piões, gol caixotes, E inocências ausentes.

ESPARRAMADOS

Penetrei surdamente neste reino denso, mas escorreguei em xixis-sintaxe, depois me levantei e vi palavras a dormirem todas na sala, drogadas de romances de contos e crônicas, esparramados pelos cantos, veio se aproximando Signo, o gato que descrio quando crio, o rabo abanando como ideia balouçante