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ELA DORME ELE OLHA




Ele olha pra ela
que dorme no sofá encolhida,
parece calma, e respira
em harmonia com a rede lá fora
que um vento safado balança.

Ele pega a mão dela, ela finge
que não sente as mãos calosas dele,
finge que não ouve o coração dele,
finge que não sente 
o quanto ele esconde as palavras
como pedras colecionadas 
para a beira da água do amor.

Lembra da primeira dança
em que ela de olhos fechados
imitava uma nuvem carregada
ou melhor um girassol romântico
e mais longe lembra quando no balanço
ela o cobria com celestes raios,
lançados do calor de suas retinas.

Ela dorme tão quieta que chega a ouvir
os rios do entorno do éden,
embora só ela saiba que não dorme,
pois assim pode melhor senti-lo 
em toda entrega do ser,
frágil só pra ela, forte só pra ela.

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