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A BOMBA ORGÍACA

Um dia a bomba sorriu

bem longe, estelar,

e só os pássaros sentiram

a morte que assobiava


no ventre da bomba em bis,

e na mesa X sorria


uma bunda em carne viva

às glórias do Capital

e na mesa Z brandiam

as virtudes, coisa e tal,

e ao longe a bomba vinha

de bico que afunilava

como punhal na farinha,


enquanto

na mesa X se planejava

o lucro com desemprego

e na Y vomitavam

dialões, analões e mensalões,

no dia em que a bomba alada

em seu mergulho caia

para o instante de seu gozo

na fenda da mesa falha,

e nesta se misturaram

bêbados da mesa Y

cantando o hino da Z,

embalando o deixa disso,

e a bomba já nas telhas

ainda não sabia

que logo reuniria

X, Y E Z,

numa só orgia ativa

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