Da maresia metafisica,
onde deuses antigos em decadência
exercitam sua saudade ontológica
Sobre as orlas das ondas,
o sangue do último deus ou deusa,
do último acordo, braço de espuma,
vemos sua garganta de verdades dissolutas,
Suas grandes narinas pretensiosas,
seus ombros onde carregava o mundo,
era grego ou grega, falava/pensava grego,
escrevia vidas/contos em grego,
dele não falavam as bíblias em grego,
ninguém entendia
Mendigos gigantes não tem o que comer
em seus delírios
Um minotauro sorri no rádio,
tenta ganhar o seu pão
Na esquina uma hetaira, outrora santa, espirala um cigarro
Pequenos sátiros comercializam drogas
e cantam com palavras de baixo calão
Os corruptos, estes, nem se fala
disparam cifrões arenosos pelos ânus
das alianças
Mas as formigas, ah as formigas,
estas não param sua faina carregando as folhas,
alheias à metafísica deste dia
Comentários