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A JANELA

A janela da verdade muda sempre,
a parede gira-gira de tonteira,
não fica num só lugar a verdadeira
janela que uma posição desmente.

A janela da verdade muda a toda
hora de lugar, e nos esquece;
a gente quer olhá-la, ela nos mente,
se a gente não a olha, enlouquece.

Por pensar nessa janela que se altera,
por nem sequer prever os seus sinais,
me veio a palavra de Descartes
quando pensou e não parou jamais.

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