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UM HOMEM ENTROU

Um homem entrou 
na casa de outro.
Não pegou dinheiro.
Não pegou móveis.
Nem letras do Banco.
Nem jóias originais.
Nem os cães de raça.
Nem a filha do outro.
Nem a mulher do outro.
Simplesmente entrou.

Subiu 

aos quartos de hóspedes.
Não os queria.
Desceu à sala de jogos.
Não teve interesse.
Não, não tinha arma.
Ali ninguém tinha.
Todos seres de paz.
Só o homem era grande,
Talvez grande 

até demais.

Quando um homem entra.
Digo: na casa de outro.
Quando isso acontece,
No fundo todos sentem
Não merecer o que tem.
Pois no começo era de todos
A terra ampla e pura
Até que fortes e chefes
Pegaram como sua.

Há muito sangue por trás
Das coisas privadas, rapaz.
Eis que o homem 

chegou à cozinha.
Ali certamente tinha.
Pegou e levou pra casa.
Estava quase na hora
Da filhinha se alimentar.
Tirou do saco que roubara
Leite dos bons, tipo A.

A morte chegou logo
Com oficiais de justiça
E um atirador de tocaia.
Isso aconteceu em uma data incerta.
Talvez em.
Talvez em.
O fato é que o homem 

era grande.
Metade preto e vermelho.
Carapinha e pinha no cabelo.
E amava sua filhinha.
Isso é fato.

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