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VISGO NA PAREDE TORTA


Um mendigo sonha...
Que sonho ele rala?
Como poeta anda...
Que andar ele fala?
Um passo de Deus?
Lembra aquele rastro
Onde se perdeu,
Feito um caramujo
Na gosma do breu.

Um mendigo enverga
Sob peso e alisa
O que ele carrega
De poesia e abrigo:
O cão, a coberta
Sobre o chão cuspido
Com fedor de merda,
E curtido a urina
Um poema velho.

Há pus na virilha
De amarga memória
Que ele coça e estica
Sua vida é corte
Que ele curte a visgo
Na parede torta
Que sustenta o dia
E se chama Morte
A égua que encilha.

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