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TE DIRIGES PARA MIM

Te diriges para mim.
Sei que passarás ao largo.
Não me conheces.
Me odeias até sem me conhecer.
Talvez devido àquele torneio
Na Idade Média que ganhei
Para a concubina do rei.

Imagino que nunca participei desse torneio.
Que nunca conheci a concubina boa e bela do rei.
E que vens e não passarás ao largo.
Não me conheces porém.
Me odeias até sem me conhecer.
Culpa de outra vida.
Como iria saber?

Imagino que me abraçarás
e serás presa do amor eterno
desses amores eternos
dos cadernos adolescentes
de minha bisavó, infinito sentido
de meu bisavô.

Te diriges pra cá.
E imagino que me beijarás
e morderás o meu pescoço
e sugarás meu sangue com ternura
e me farás escravo do teu castelo
que imagino ao norte da Europa.

E toda noite me possuirás
com teu mons púbis de Vênus
e coxas macias e cheirosas.
E toda tarde passearemos no jardim de ouro.
E toda manhã banharei teu colo com água de eros.

Mas sei que passarás ao largo.
Pois me odeias por dentro do passado,
devido àquele torneio,
àquele maldito torneio 
no qual nem me deu bola
a concubina que homenageei.

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