Pular para o conteúdo principal

AMAR É NÃO SABER NADA

Dois pontos, não muitos:

Amar te revela. Amar te esconde. 
Amar passa perto. Quando não passa longe.
Amar é se abaixar pra acariciar uma formiga. 

É se levantar pra pentear o sol.
Amar é castigar a si mesmo. 

Talvez o próximo também. 
Amar é atirar a esmo.
Talvez mirar e acertar. É andar de bicicleta num fio de água. Voar no fogo.
Amar é pedir pra te atirarem das nuvens. Ou praticar a obsessão de não pensar.
Amar é fazer palhaçadas até quebrar o espelho. Ou mergulhar na ponta de uma mágoa.
Amar é vingar o desamor. É lamber o corpo das coisas.
Amar é enfiar a cara num bolo e os dedos na tomada da insônia.
Amar é nascer pra isso: amar sem exigir retorno. Quase.
É respirar santidade escorregando num pecado sem perdão.
Amar é não saber nada de amar. É se arrepender de definir o amor.
É ser vilão querendo ser mocinho. É ser mocinho ante a vilania.
Amar é libertar pássaros e sorrir feito bobo encantado.
Amar é ser farol, solitário, mas dando direção ao que se perde.
Amar te retalha e te reconstrói. Amar te dá música e te faz canção.
Amar te dá medo, vontade de fugir, de se matar, de renascer.
Amar é seguir adiante querendo parar pra ser solo pro amor pisar.
Amar é naufragar e nadar até as ilhas atrás do dedo de deus.
Amar é tecer heroísmos à flor de pequenas covardias de hesitar.
Amar é ser pássaro preso em sua própria liberdade.
Amar é ir ao mar e se afogar e inchar e virar balão e flutuar.
Amar. Ponto. Não. Reticências..

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

HÁ GENTE QUE SOFRE POR

HÁ GENTE QUE SOFRE POR Há gente que sofre por falta de amor a si mesmo. Há gente que sofre excesso de dor de barriga por comer torresmo. Há gente que sofre de fome e de sede por brigar a esmo. Há gente que sofre por morrer o carro em estradas enfermas e por ter prestações todas na mesma. Há lesma que sofre por escorregar quando não queria sair do lugar. Há gente que sofre por ser magro e alto como a sexta parte dos gigantes, gente que eu não conheço mesmo. Há gente que sofre por ser gordo e baixo como um terço dos mergulhados em desfechos. Há gente que por ser persona jovem comete termos de etarismos e ismos meios inteiros. Há gente que sofre por não aumentar a folha fecundando o cepo. Há gente que sofre por morar no gelo dos polos. Há gente que sofre por rachar os pés com os pelos do chão afiado feio. Há gente que sofre por achar que veio a data do apocalipse no eclipse de si. Há gente que sofre por saber que é tarde cedo demais. Há gente que sofre por saber-se morto ainda medo. Tem ...