Arruma as algas, Ofélia,
Após morte voluntária.
Ajeita a gravata nos chorões.
O espelho do lago reflete suas mãos em concha libertando pérolas de orvalho,
Preocupada, a certeza do sol,
Com a mão, percorre o corpo inflado,
Leva as mãos nos sapos, peixes,
O lago-leito, seu grande mar aberto.
Como enguia, faz uma ponte, seu umbigo no ponto mais elevado, a pele esticada, unindo os átomos das águas, cabelos-algas.
Ela não ressuscita, e, mesmo assim, sente-se no direito de ser sagrada.
Explora o resto de pensar no amor que esqueceu em superfícies.
Abre as linhas, entre miniaturas de ninfas,
Que lavam o lago,
Um leve vento revolve o caminho de algas reais amarelas e vemos o algoz.
Hamlet nem aí. Aguarda a perícia
Com marcas de caveira na consciência.
Seus olhos são nuvens com versos, caravelas e peixes. E eu sou uma ressaca marítima. Há sede debaixo de meus olhos. Há demasiada ansiedade em minhas naus de ondas. Não há vestes a proteger do frio. Não tenho muitas saídas, você sabe. Tenho de ser peixe. Estou uma confusão só. Sou um coral de crises. Sou um rodapé por uma estranha corrente. Talvez se me entendesse, poderia ser Netuno. O forno pifou quando eu planejava a queima sagrada. E a casa envelheceu na árvore da chuva que cai pesada. Há chuva que melhor que esta enobreça os olhos?
Comentários