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CU DE FORMIGA

Rangel meu professor falou da geometria das formigas. Antes de eu ler sobre em Manoel. Manoel de Barros disse das emoções contidas num cu de formiga. Uma quantidade grande de emoções. Um cu de formiga é como um coração? Vamos dizer que chovessem cus de formigas. A economia de um país seria salva. Os amores se reatariam. O Teatro seria dos simples. A Literatura não faria Reis Nem a Política. As guerras terminariam. Os terremotos virariam arrotos. Se chovessem, claro.

INFINDOS PILARES (reelaborado...)

Mulheres - Ambros, Lúcias, Nísias, Simones de bom voar, Jades, Giovannas, Márcias, Cibellys, Cidas, Eloás, Marias, Morganas, Quelis, Jordanas, Ângelas, Zilás, Lucianas, várias Elis, Patrícias, Chantais, Resedás, Cássias, Lilians, Liliens, Iaras, Sandras, Regiás, Katias, Margaretes, Cléas, Vidas, Selmas, Tiliás, Anas, Patrícias, Marianas, Elianas, muito mais Mulheres que estão além, Suficientes para encher Mil dias da Mulher e muito mais. Mulheres de infindos pilares, A lutar amar sofrer Neste e em outros tempos, Preparando amanhãs, Belas, feias, baixas, altas, pobres, ricas, E, embora tão diversas, Pegam armas, vão à guerra, Ganhando os dias, suando De fervor em cada poro, Com firmes tons nos olhares, Música nas expressões Maternais, filiais, fraternas, Atravessando espaço e tempo Para o evoluir dos homens Além das adjacências. Já falei de Nísia? Ou não? Aquela que ousou tirar A agulha dos dedos do Império E desatrelou o espartilho Que desfigurava cérebros? Depois eu falo então...Ag...

O SABOR INCLEMENTE DO VERBO

De meu verbo não tenho piedade, Vou soltando-o sem força e o tenho Ao longe em inteira liberdade, Enquanto fico olhando a tez do tempo. Não quero verbos que homens bem prendem Em suas religiões, filosofias. Mas sim os que às gramas reverdecem Com belo vôo em instáveis linhas.

PORTA EMPERRADA

Tanto empurrei a porta, que a travei. Tanto fiz na janela, que arriou. O leite que não quis bem derramei. E por negar o arco, derramou A seta todo o sangue que guardei. Dei amor ao tempo, que findou, Muito abracei o algoz de meus enganos, Beleza apareceu mas não ficou, O tempo botou traças em meus planos E, sem sincronismo, a mente gaguejou. A porta emperrou neste caminho. Mas já decidi. Vou detoná-la, Seja embora o poeta ser franzino, E o outono embranqueça a torpe fala, Mijando, esclerosado, e fale fino.

O HOMEM É O HOMEM

O homem? Pó de cocaína Junto ao narigão do demo, Que cutuca o mundo e geme Despertando céus efêmeros. O homem guarda esperanças Contra verdades que empestam. E inventa passos, danças, Com a ânsia que o atesta. O homem mede o ser em desmedida, E querendo mais possuir se faz feroz, Quanto mais possui mais excita Vontades de ter sempre maior voz. Somente a obra em paradoxo Levanta a humana alma arriada, Mas na vastidão plena do Cosmos Sempre será pó, brisa, mais nada.

CAPTAR SACRO

Precipito-me no abismo de teus círculos, que tateio ante o vidro absoluto dos olhos. Abalar dentro a rosa profana ao estalo dos teus montes, e apurá-los no amor da língua. Assim, captar o amor, sacralizando-o. Assim, pervertermo-nos, clarificando-nos.