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O BRILHO E O SANGUE

Buda falou sobre o zen dos olhos. O brilho bem mais vale que a pele. Também Marley falou e o Tudo é isso: O brilho vale mais e a tudo excele. A raça humana vale muito e é ouro. A cor da pele com o tempo é sal. O brilho vai durando e apura estrelas. Todos os povos brilham olho igual. Resisto a ver   o que reluz metade. Só cresço vendo a luz universal. A guerra tem a pele esquisita Por ser todo o seu sangue Opaco Mal .

PARA CAPITÃO KIRK

Há um espaço. Preencho-o. Há um tempo. Escalo-o. Um poema é como uma nave. Uma ave numa fruta. Um beija-flor com desejo. Uma flor despetalando, amando. Não há nada como estar no poema amaciando calosidades espaciais.

A VIDA HAVIDA FODIDA

A vida é o nada que é nadado no mar do tudo, já disse Pessoa de sua vinícola, a nadar com todos os sonhos do mundo, rei nada útil para quem quer a vida pequena, vou enferrujando a espada das horas, esbanjados cetro e ilha, onde Wilson engordou feito uma bola, inflando sem Telêmaco que afogara Ulisses na garganta do poema, e Erik Satie em fantasia épica mata cavaleiros do Norte por uma clave de fá, embebedando a Morte em Montmartre, minimalizando rupturas nos seios do Gés de Jacinta-liga, depois da chacota no charco de Paris, que se foda Valadon Vale-Nada, quero morrer etílico em itálica biografia sem coleção de guarda-chuvas que Caronte só quer óbolos e bolinhas de ecstasy uma droga moderna sintetizada cujo efeito na fisiologia humana é a diminuição da reabsorção da serotonina dopamina e noradrenalina no cérebro causando euforia e grande perda de líquidos um amigo morre com muito líquido no ventre preto e bonachão a mulher passa hidratante a irmã passa hidratante e a pe...

TEM NEM SEMPRE COMO O DIABO

Tem uma parcela de mim  que é pequena e vive de espelho  pendurado no poema ...nem sempre. E essa parcela  mínima quer o bem estar  geral ...nem sempre. Tem esse caquinho de mim que tem fome não só fome mas sede não só sede mas vontade de criar fogos de papel e tinta ...nem sempre. Tem esse fragmentinho desejo de ser rochedo de erosão gradual indo aos poucos até o final ...nem sempre. Uma parcela de mim gosta de café com leite e bolim  confeitado ...nem sempre. Uma parte admira pessoas que alcançam sucesso filmes que terminam bem e amigos que cospem ...nem sempre. Tem essa região minúscula coragem pra qualquer disputa embora lhe faltem músculos e não lhe faltem desculpas ...nem sempre. Tem esse caco de mim esperança de escrever  in abstratu   a palavra ipê, jacatirão, de tal modo  que todos entendam  in concretu ...nem sempre. Nem sempre  me faço inteiro juntando sons  sem dinheiro ...meu estoque de..........acabou. ...

BEIJOS PRA 06 DE JUNHO DE 1992

Um beijo, mulher, e eu saio pela avenida 9 como um campeão do espaço profundo. Dois beijos e eu posso refazer o Rio Cubatão a que nomeies todos os peixes. Três beijos e eu posso pular num pé só por tantas horas quanto queiras o Rio Mogi. Quatro beijos e eu posso trazer-te a música que da terra ao céu cantavam os pés dos 5 Manoéis. Cinco beijos e eu posso subir a Ponte do Arco-Ìris ou até mesmo as Cotas junte ao Cotia-Pará pra teu deleite. Seis beijos e eu viro Peri mostrando prazeres pra ti redondo mas insano e quente sustentando-te o sentimento. Sete e eu sonho aqui. Setenta vezes sete beijos e de final viro começo mesmo em Juízo condenado a perder o logos,  log(r)ado.

"TAO" E QUAL URBANO

Na esquina, o TAO de Três Reis Mag(r)os E bandipoliciais não convidados. Balas como presente. E foto sem cabeça Nos jornais. Nos olhos A ausência de perspectivas. Crowley. Guerra dos Tronos. Eleições manipuladas.

SAPATO DE LADO

Eu também sou triste, Oitenta por cento das vezes,  Como um sombrio sapato de lado. Sou um chapéu escuro e pequeno Que não serve nem pra mancebo. Pensam que sou bravo Como um travesseiro Recheado de pedras do rim. Encontrei uma vaga na galeria E a preenchi com minha alegria. Galeria alegria, entendeu? Lá encontrei o  Amigo  Atemporal . Um amigo mais da alma que do espaço. Ele me disse que minha alma fedia a chapéu. Escuro e triste e com corcovas.... Perdi os cabelos. Quem os achar devolva. O endereço é o aeroporto de minha cabeça. Estou disfarçado de chapéu escuro. Corcundas crescem na minha aba. Vai ser fácil me localizar pelo fedor  de  úmido feltro. Não sei mais escrever senão denso. A chuva cai de viés na minha opacidade. O  N unca me dá sua filha Nada pra dançar.