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IESSIÊNIN FEZ UM AVIÃO

Ele fez um pouso, como nem todos podem ser voos ele fez um pouso dentro, sem nome O difícil: um maço de paz interna Realmente, a morte não é difícil como beber deste papel jogado, nunca um papel morreu tão vivo, viveu um pouco rasgado pois quando a gente cria o rasgo permeia às vezes por equívoco do contramestre do risco à deriva, que entorta enquanto vomitamos a tempestade inopinada, e chora rumo àquele país interno mas no meio entre um antes e um depois entre a testa e o queixo não fora dos mapas da emoção navegante

NINGUÉM TE PENSA

Um deles te chuta com toda a força, és estéril e lisa, esfarelas um tanto, um moleque te pega pois estás numa cidade como São Tomé onde o turismo suja as ruas, mas um outro rouba a ti e corre como um louco de encontro ao súbito e a mão afrouxa e tu escorregas para a lama de um terreno cheio de poças não és semente de ti nada sairá com tendência ao verde, fosses calcária terias cores diversas mas és pedra simples, apenas mero calhau sob ação de chuva, vento, gelo, calor, frio, e na noite ninguém te pensa pensou ou pensará

A FORMA INFORMA

A Forma informa que perdeu a receita da transformação e esclerosa ora velha ora nova literária ova a frase em formol não goza e o suor e o sonho molham a palavra para sempre embora a foice a persiga esfarele a fôrma do ó(bolo) e seu recheio a cidade segue imune a isso chove nuvem com canela na língua da noite

AS ALMAS QUICAM

Torcer a dor De arre(medos), Noite, tarde E cedo. E após fazer Os nós, A prender Bem dentro a voz. Velar grande Incêndio hiante Na beira do tempo De aldeia. O entrelaçar Da voz doída Também é Foz de sentidos. Umas nas outras As almas quicam.

LINGUAGENS

Quando avançamos as linguagens, os lábios chegaram atrasados. Porém, nossas almas anteciparam-nos no verbo. Quando enlouquecemos as linguagens, castelos surgiram no vento com frescor e perfume e sonho e nos atiramos como galhos quebrados no som em poças.

AFRONTA

-Se catem, bando de otários! Eles ouviam-no o descaso. Primeiro, o espedaçaram. Um olho caiu no vaso. Pedaço da boca danou a falar, Ficou irado o populacho. Despeitados, com alarde, Lhe juntaram pro despacho. Espedaçado, riu. Feiticeiro um tanto. E enquanto salgavam o poeta bruto Teimava ao canto Seu dedo médio - fodam-se, putos!

BALDE

Pai, sabe aquela roupa que coloquei no balde pra descolorir um pouco? Vai correndo, pai, torce ela e põe no varal. (Fui, bêbado, torci a cadela E a pendurei. Quem mandou  Dormir no balde?) tela acima: Menina segurando um filhote de cachorro, óleo sobre tela por Daniel Ridgway Knight (1839-1924, United States)