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COMO EU NÃO TENHO VERDADE

Como desprezo a fortuna,
minha pobreza é que cala.
Pois por mais que me aproprie
muito mais riqueza instala
no que faço ou redefino,
tirando ouro das falas.

Já acreditei num sonho
havido em noite gloriosa,
fui escravo, já fui dono,
amei a tarde gostosa,
amei as manhãs com sono,
acordado em minha glosa.

Como não tenho fingidas
idéias mas as consumo,
quem me acredita falseia,
quem me ouve, se confunde,
quem imita o que desfaço
não há cães que o circunde.


Já acreditei num sonho...

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