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Mostrando postagens de julho, 2014

SEXOCALIPSE

Anavalhamando, Mãos carnafiadas. Orbitamanchando, carnavalizados. Extraindo rinhas Extralineares. Estuprando planos, Plenos tropeçando. Fusos efusivos Vulvas estalando. Sexocalipse: Nós nos desatando.

PERIGO PARA REALIDADES

Toda uma realidade foi morta  Por excesso de verdade na fúria do mar. Também houve a direção dos ventos e seu desvio. Há o fedor do lixo atômico remexido pela tempestade. Perigo para mais realidades. Há uma pilha de cadáveres no cérebro do oceano. Na tela da televisão há imagens em ansiedade E o mito tem lágrimas de sem-olhos.

Poeminha de Dar Medo

Poeminha de Dar Medo Antes tão manso. Ele o poeta aguado Matou um poema. Usando uma pena antiga. Um poema de dar medo hoje. Que vive puxando seus dedos de noite. O poema quer voltar, o poeta não deixa. O poema causa terror, prega o poeta no teto. Quer voltar, viver, mas o poeta só diz: - Não paga a pena.

Para Atingir o Amor

Não penses que não sou capaz de te assassinar, só por não ter ódio suficiente em meu coração, que arrancaste com as garras de teus olhos. Não deixes passar pela tua cabeça que eu possa ser bom, se tu não foste ao arrancar-me o coração. Quero te assassinar de amor com este ensaio de beijo que flutua entre mim e ti, uma arma perfeita para atingir o sonho de deus ....entre outras coisas.

SER SEM VENTOS

Desataviado, o ser está sem ventos Que o sustentem do insuficiente Ritmo em penumbra do mundo Com seus ossos enjaulados Em carnes de ausência Sem tempestades para o verbo Sem metempsicose Sem averno Sem chopp Sem porções de batata Os miolos do cérebro doendo A fragata do papel datada Ataviada a modelos de escrever mal Sou o sem ventos no nosso circo

MEIAS NOS OLHOS DO AMOR

A febre a trinta e nove graus. Teu corpo entregue. A fome. Não fosse a alma sem blusa. E alguém que disse: Cara, cê tá mal Nem terias notado Apesar das meias nos olhos. E o cais estava calmo. Os navios eram escuros. As ondas balançavam os céus. Os armazéns perfumávamos de amor.

UM ROSTO TÃO ....

Um rosto tão.... Sublime,  dentre outros adjetivos, apesar do caminho  seguido nas linhas do pescoço a partir de sua luta com manhãs Quanto a alguns aspectos importantes, tinha sua face a essência de um sonho, como um astro-luz de concha atávica, imitando uma pérola de olhos casados na escrita da pele do poema azul Com Estilo algum Poeta alcança? Por certo surpreendeu-a no espelho a soprar fórmulas as velhas bolhas no rosto de vidro com marcas alheias

MILHÕES DE ALMAS PARA ALIMENTAR

Milhões de pessoas chegam à cidade. São milhões de almas para enlatar. As máquinas esquentam seus gases. A cidade a mastigar. O povo foge pros barrancos. À espreita, engrenagens antigas de relógio. São dentes n(ânus)tecnológicos. Os cérebros são juntados aos traseiros. Implacável, o anencéfalo garçom sorri. Quer a gorjeta inescapável do desejo vão. A mesa é preparada com tripas de anseios. Para os milhões que chegam à cidade Não há sapatos de concreto suficientes.

O QUE RESTA

O que resta? a dor partiu No nunca-sempre ao ser-outro? O que resta? a povoou Tremores de frágil potro? O que resta? fez do choro Boca mole com arroto. Por aí vozes sobrantes Dão-lhe ar sonso e maroto. Só lhe resta um mito hiante De um poemicida absorto Numa palavra atingida Retalhada em versos soltos.

GOSTO

ela se surpreende com meu gosto por paredes com meu gesto de lamber mesas ela se surpreende com meu hábito de tanger o vento e por estar eu sempre a ajeitar o pescoço das esquinas ela se surpreende porque não sabe que eu sou um poeta que se esforça por não cuspir na cara do que sempre olha no espelho porque não sabe que me pesa escolher entre duas margens desnudando incertezas que tremem de frio quando as exponho nuas diante do abismo ela se surpreende com minha tamanha lentidão no falar um A ela se surpreende com o B que digo em enfado solitário já pensou se ela soubesse do desejo que há no D que grito? já pensou se ela soubesse que a vejo N dentro das vestes pesadas? ela se surpreende com a braguilha que abro carnívora ela na certa quereria que eu orasse em vez de torturar papéis mas ela me deixou aqui à vontade na beira do Sol e quando a Lua passa não consigo desviar os olhos

NÃO PENSAR PENSANDO

Embora em mim não penses, O não-pensar é pensar, Só que negativamente, Sabendo interpretar. O que a gente desmente A verdade faz brotar. Te fazes Deusa somente Por eu não te acreditar Ao meu modo inexistente.

2000 ANOS ANTES EM OZ

4 minutos antes eles eram avisados da decretação do corte fatal sobre seus pescoços eram avisados da Portaria que dava poder ao governo 4 minutos antes de pena capital eram avisados pelos mortos de alma avisados por telefone mas como José não havia pago a conta telefônica houve dois cortes

QUEM SE AVEXA COME CRU

Quem se avexa come cru, quem arranha o verbo adoece, na retina estricnina delírios dá e enlouquece. Quem vem da noite amanhece,  tem a sintaxe profunda, pra quem o lê dá uma peste do redigir oriunda. Quem quiser segui-lo um pouco,  fadado ao ranger de dentes estará, em verbo louco. E, insistindo o inocente  No noturno poeta mouco Virará em corvo doente.

DIÁLOGO COM LÉO

Ao fim, a morte veio  Devagar. Talvez Uma poesia  Te encante no ar. Ou aquelas gueixas  De sampa f açam-te  Uma ponte sobre o rio Do ontem Para alguma arcádia  Ou pasárgada pastoril. Ou aquele filho Natimorto em abril Um mito reconstitua Às tuas naus verbais. Ou aquela moça irmã da outra Trance umas asas colossais De Ícaro para ti, a  que voes ao mar Das amenidades jovens. E ainda aquela, aquela, Lembras dela? Que sorria sem verdade,  Sorria feito a morte Na escuridão da tarde, E do quarto, ao corte Do amor-canção... E que algumas poesias Dos amigos, nós, não melhores Que teus versos tristes Sejam ressurrectas por aí.  Quero que tenhas nesse lado (um lado inventado pelo amor), Onde todo pó é alma-estrela, Bastante poesia pra comer. Dizem que os poetas têm Estômago próprio e verbal... Aqui, mil olhos botam espanto Nos poemas que deixaste Por nascer. Tentamos ainda Um desfibrilador de alma Para o ser de tuas letras.

FERVURA

O amor é sua própria fervura e um jeito de acenar ao centro que fora se torna ou nunca faz, é como ousar temperos com aumento de gosto de um sempre falaz Você pensa num rosto e ensolara, você abarca reinos, e se afoga bem dentro em si, de um jeito vasto no sol que ao peito explodirá Ficamos sem poder andar, a fritar-nos, a fritá-lo sem saber um fio

AO BEBÊ

Este ano as prestações se acumularam. As frutas da época estão fora. Você bate com a colher no prato. Seus arrotos cheiram a deus com leite. Sua papinha está sendo preparada. Mamãe olha a roupa estendida sob nuvens. Um dia você saberá que o outono amarela as folhas. E marcará na lembrança o ouro disso tudo.

AZEDAS LIMAS NUANÇAM FACES

Quero pomar azedo e à margem. Não só ser o de doces tortas. Azedas limas nuançam faces, Dão exercício a caras mortas. Para tal fim saltar no abismo? Colher do horror rica sintaxe? Ou atrair torpe ostracismo, Me deslocar em paralaxe? É bom o tempo mas escapo A todo adágio ensolarado, Seja este quente ou bom pra sapo. E desafio ao que me acusa O ser desviante, e fim do papo, A flor d'alma é dor difusa.

TUA CARNE DE INVISÍVEIS

No meu poema  te vestirás como chuva e mar e letras indeléveis. Aqui choves sobre mim todas as chuvas de jardim. As flores são livros na estante. Aqui teu maremoto me verte e me subverte o canto, o choque de tuas ondas  me massageia as pedras, e, em sumo balanço, tuas placas de orvalho  movem-me a madrugada do ser atônito, instante com mil falsidades. Meus peixes tuas correntes com luar invadem. M eu corpo  é verbal cardume. Sou um prego na tua carne de invisíveis.

NAZISRAELISMO EM GAZA

NAZIS RAIZ TRELISMO EM GAZA Aliança de Javé Oxidada? Fumaça, chumbo, na Faixa, Campo de gases, gazes Em corpos, almas, Peixes densos Para as mágicas de orgulho De areia suástica à linha d'água Em Terra Que Cana Caiana Canaã. Quem ajudará os filhos de Gaza Mortos por carrascos Em graça Abrindo rios de sangue, Iogurte e queijo branco, Hoje tintos Cordeiro e carne de camelo, Empoados de pólvora, Lentilha, fava e grão-de-bico, Hoje em covas escarlates, Para o massacre e saque Em caldas de sangue, Quem pelos filhos de Gaza? O Velho Seio da Lua, Sob canções tristes, Olhos cor de figo Avermelham lácteas Águas turquesa de paz, Batem passos de bigorna Com abelhas-mísseis A equação do Moinho Antigo, Seus peões jogam (Quanto ainda precisarão Para a lucidez?) Onde dos córregos Ouve-se a voz da hiena De treze faixas: - I WANT YOU FOR U. S. ARMY Tremulam na tempestade Derivações do Adágio Ensolarad

FARINHA DA ALMA

Com as mãos, pega a farinha da alma para a massa da poesia e depois faz uns bolinhos bem compactos para que quando atinjam a nuca da musa principal o resultado seja visível para todos que se atrevam a ver o seu texto nu.

SE TODOS AGIRMOS BEM

Se todos agirmos bem, conseguiremos passar. Depois, haverá a noite com seus acres lagares. Se todos agirmos certo, o outro dia chegará com pessoas e bichos e objetos nanotecnológicos com corretores de Wall Street a apostar na alta do sol

MADURA CRUZ

Atravessar o rubicão de estado são. Depois, a sensação de estar durão o espírito, angustiadas as idéias da musculação na academia do pensar. Uma dor nascente diz que está madura a alegria para a paz mais ao sul das ilhas de estar bem. Sou falho como todos no frigir das cartas. Sou falho como data de validade, como a maçã que feriu o nariz de Newton. Não sou tão bom como pensavam, apto estou para a cruz, muitos são meus crimes de imaginar.