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CARNE DE MINHA ALMA, OUVI-ME

Carne da Minha Alma,
ouvi-me! Vós que suais
todos os meus cansaços!
Vós que sentis
todos os meus tremores!
Ouvi-me!

Vós que estais fadada
a sentir e a ressentir
e a dessentir as peles do mundo!
Vós que passais largo tempo
cheirando todo o pó das incertezas!
Vós que roçais paredes,
muros de linguagens, ocultas e claras!
Vós que sois o amparo
de meu logos/ossos!

Carne da Minha Alma,
ouvi-me!

Vós, que encho de cuidados
contra acnes de mágoas, feridas de anseios, 
vitiligos de ódio, manchas, gorduras de sadismos cruéis,
beliscões extremos de invejas, fedores humanos!
Vós que me encheis de esperanças tolas
de que um dia sejais eternamente limpa
e sem fedores! Carne da Minha Alma,
ouvi-me!

Vós que gemeis de anseios, de dores,
de sede, de fome, oriundas da dúvida
nem sempre livre, nem sempre pura,
nem sempre impura, de que existo!
Vós que vos encheis de infinitos
ante o toque da Poesia do Universo!
Vós que tendes vontade de Viver
depois do roçar de La Catrina!

Ouvi-me, Carne de Minha Alma!

Vós, que tendes vontade de morrer
a pequena morte, de prazeres intensos,
contidos no simples fato da aceitação
do orgasmo do outro a sucumbir-nos,
seguindo o inaudito das junções
de sensibilidades e cheiros,
cabelos e lábios, abraços e beijos,
pedra e areia de açougues
vegetais de quereres plenos!

Carne da Minha Alma,
precisais de um banho.

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