Domingo, um dia de algum abril
É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus,
falo alto por fora num silêncio por dentro,
bem atrás, de onde o cheiro reverbera,
rodeada de uma porção de moscas humanas,
de uma porção de coisas, uma mendiga
entre sacos de plástico sorri sem nariz.
.
Uma outra mendiga finge ser madame,
com um poodle de papel francês: caniche,
com latido em bolhas, do imaginário
desfiado em sacos plásticos de mercado.
No lado esquerdo do ônibus, um ruela
zé cospe nela seu cérebro podrelíquido.
.
Quando desço, desce a consciência comigo,
caminha comigo desde há muito,
a me ensinar que o excesso de perfume
pode esconder uma alma empoçada.
e vice-versa, ou quase.
BLOG PAIXÃO PASÁRGADA, ONDE UM DISCÍPULO DE HOMERO E TÉSPIS OFICIA
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