Domingo, um dia de algum abril
É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus,
falo alto por fora num silêncio por dentro,
bem atrás, de onde o cheiro reverbera,
rodeada de uma porção de moscas humanas,
de uma porção de coisas, uma mendiga
entre sacos de plástico sorri sem nariz.
.
Uma outra mendiga finge ser madame,
com um poodle de papel francês: caniche,
com latido em bolhas, do imaginário
desfiado em sacos plásticos de mercado.
No lado esquerdo do ônibus, um ruela
zé cospe nela seu cérebro podrelíquido.
.
Quando desço, desce a consciência comigo,
caminha comigo desde há muito,
a me ensinar que o excesso de perfume
pode esconder uma alma empoçada.
e vice-versa, ou quase.
Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.
Comentários