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A MENINA DE DREAD

O ventilador o olhar o som invólucro coral de poeira cupins deixam asas na madeira na cadeira uma marca no copo um compasso um celular o óbito da noite o bote do vereador que não dorme e desespera por uma vaga pra correligionária no sofá o suicida perto da ponte olha pros lados antes de pular por alguém que o empurre na hora certa a maçã que caiu no chão e o amor de duas moscas uma em cima da outra meladas ainda do pudim que a menina de dread fez e de novo o olhar sobre o campo onde agonizam milhares de cupins

ACIMA-DEBAIXO

Acima-debaixo do bicho-papão terror debaixo da cama me disse o avô espanhol o pai pernambucano me falava do papa-figo que traficava órgãos para pagar o aluguel uma prima fazia cortes no braço para se punir pelos desejos pela madeira correntes na memória de ir à igreja e ouvir que padre Igor só gostava auxiliares menor de doze terror acima da cama

O CETICISMO DE LOUÇA

O ceticismo, patrocinadores danados e bons dão óbolo para a festa pública,  pagando as roupas e o varal, o cansaço, as louças para a pia da cozinha, meu verbo é vírgula, e o texto fica seco quando lembro de um golpe sujo contra um homem-barata, o juiz não fez a contagem e quase deu nocaute, onde uma brecha de desumanidade se mostra, quem cobra? quem cobra  onde há ser humano nesse mundo que dê uma alface  para um prato que grite ao rosto? estou só  porque o saco irremediavelmente está cheio sob o juízo do outro, o outro que se acha mouro, ninguém se multiplica como acha, dividimo-nos, de mãos curvando as folhas, ante o lucro das botinas do palácio

NO AQUERONTE

Em Gaza sinalizadores de morte. Crianças paradas no ar pela ilha de edição. Avós estranguladas pelos canos dos canhões. As estátuas feitas de balas com amor. As pupilas montam o cavalo chamado Indiferença. Um ministro mata crianças perfiladas como em boliche. E próximo um pelo voa de uma cadela manca. Todos passarão pelas raízes de óbolos.