Não te fies.
Escrever é difícil.
Poesia pode ser escara.
Fácil é a máscara.
Torta por dentro,
Não te aproximes,
Não faças barulho,
Escreve daí.
Só por fora,
Está muito diferente
O papel.
Não tem previsibilidade
O teclado.
Olha os tubos curvos
em seu verbo áspero
quebra queixo.
Mordeu-o a invertebrada
Sede de enfrentar
Moinhos de vento
E quebrou os dentes
Da Musa.
Palmas pra ele,
Ele não merece.
As gramas pinicam
Todos os pés
Que escrevem de mãos.
Domingo, um dia de algum abril É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus, falo alto por fora num silêncio por dentro, bem atrás, de onde o cheiro reverbera, rodeada de uma porção de moscas humanas, de uma porção de coisas, uma mendiga entre sacos de plástico sorri sem nariz. . Uma outra mendiga finge ser madame, com um poodle de papel francês: caniche, com latido em bolhas, do imaginário desfiado em sacos plásticos de mercado. No lado esquerdo do ônibus, um ruela zé cospe nela seu cérebro podrelíquido. . Quando desço, desce a consciência comigo, caminha comigo desde há muito, a me ensinar que o excesso de perfume pode esconder uma alma empoçada. e vice-versa, ou quase.
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