Pular para o conteúdo principal

O TORTURADOR

Vou lhes contar uma história antiga. Enquanto a química dos alimentos se redemoinham em seus estômagos. 
Era uma vez. Não. A vez é agora.
Vocês sabem que foram tirados dos crânios aqueles cheirosos cabelos para rechear travesseiros, não sabem?
Quando foram tirados, o torturador nunca iria imaginar que dentre eles estavam outros.
Nunca imaginaria que entre eles estavam fios de cabelo de um menino de suas relações.
Aquele seu filho, nórdico puro, que desapareceu entre judeus num campo perto dali, na fuzilaria do inverno de 39, tinha cabelos de sol nórdico, e, sim, eram seus cabelos que enchiam aquele travesseiro que seu pai usava, quentinho.
A pele do filho estava também esticada em sua alcova: pele ariana filtrando a luz do abajur na cabeceira da cama. Branquinha.
Antes de dormir, tinha o costume de enfiar agulhas, sadicamente, no abajur, pensando ser de uma judia pela qual seu coração se rendera, uma adorável puta, melhor que sua pudica mãe, no entanto. 
Também, judiado pela insanidade, socava seiscentos e sessenta e seis vezes o travesseiro, imaginando serem os cabelos de judeus. Quando o travesseiro rasgava, pegava um tufo e brincava, simulando um bigode, parecido com o de um judeu, pai de uma puta pela qual se apaixonara. Gostava do cheiro dos cabelos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

MINHA NARRATIVA FINDARÁ

A narrativa é igual vida. A ausência de narrativa é morte. (Tzvetan Todorov) Minha narrativa findará. Não Foi tão boa. Não foi tão ruim. Será? Enfim, Como disse um (eu)migo: Tá ruim pra todos os pés. Meu pé dói pra alho caro. E sorrio Dolorido de pensar No ponto do borrão com que posso Pular no lombo-narrativa e criar O início. Não devo Parar a narrativa. Os órgãos clamam: - À morte !!!! À vida !!! O ser se finge de surdo E escreve-se entre as exclamadas.