Pular para o conteúdo principal

A DONA MINHA PARENTA (NOSSA VIDA COMO É)

A Dona, Minha Parenta,
Vende uma casa com tudo
Da vida, como ela é nossa,
Em carne, rubor e prosa,
Soando em tábuas rangentes
Vozes de loucos parentes
Com seus pecados rotundos.
Vende esta casa imunda,
De conteúdo bem sacana
E parentela sem prumo.

Com gozos ao pé da escada,
Revelando pés, virilhas,
Incestos, taras, manias,
E a nudez mal castigada
De um anjo retraído,
É esta casa formada
De recônditos desejos.
A Dona, Minha Parenta,
Vende, mesmo a baixo preço,
Seus caros, profanos, veios.

Vende jogador e puto,
Vende velho dissoluto,
Vende pai incestuoso,
Vende moça virgem-puta,
Vende amante em pleno gozo,
Vende moço na banheira,
Vende cozinheira boa,
Vende aeromoça, beata,
Vende marido com saia
E mulherão com biquini

A passear pela sala,
Té puta de Mancha Roxa,
Vende moço arrependido
E traída namorada,
Vende moçoila lesada,
Vende mulher costureira
Com carne na geladeira,
Vende dançador de tango
Noivinha pronta, mãezona
Com fogo no pé-da-cona.

Mas pra não dizer que engana
Eventuais compradores,
A Dona Minha Parenta
Permitiu vocês aqui,
Colhendo em nós vossa flor
De inconsciente matiz.
E até vi vocês vibrarem,
Despidos de preconceitos,
Os seus abertos sentidos
Despetalados no espaço.

E se, na primeira olhada,
Não deu pra sentir a casa,

Não dando convencimento
Do preço que é colocado,
Para que não haja engodo,
Voltem, que este lar ruidoso
Sempre estará remexendo
Seu segredo mais gozoso,
Pegajoso e remelento,
Como se fosse dos outros.

Comentários

Dilmar Gomes disse…
Amigo Natan, mais um poema para tirar o fôlego do leitor!. Muito bom. Hoje tu pareces uma metralhadora poética, haja vista os vários posts.
Um abração. Tenhas uma boa noite.

Postagens mais visitadas deste blog

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

MINHA NARRATIVA FINDARÁ

A narrativa é igual vida. A ausência de narrativa é morte. (Tzvetan Todorov) Minha narrativa findará. Não Foi tão boa. Não foi tão ruim. Será? Enfim, Como disse um (eu)migo: Tá ruim pra todos os pés. Meu pé dói pra alho caro. E sorrio Dolorido de pensar No ponto do borrão com que posso Pular no lombo-narrativa e criar O início. Não devo Parar a narrativa. Os órgãos clamam: - À morte !!!! À vida !!! O ser se finge de surdo E escreve-se entre as exclamadas.