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MERGULHANDO NUM PÁSSARO

Minha mãe pedia para prestar atenção.
E eu prestava atenção.
Uma formiga no chão ferroava a minha intenção.
Uma flor balançando abria -me o portão.
Um caracol subindo a escada dava-me bolha nos pés.

Meu pai pedia para prestar atenção.
E eu prestava atenção.
Um cordel de folhas amarelas balançando ao vento.
Uma mulher de pensamentos dilacerados.
Uma menina mergulhando num pássaro.
Um bebê se maquiando com pétalas de ar.

Eu prestava atenção.
Precisava atuar com os olhos.
Na cabeça, fui coligindo canções.
Não canções criadas por homens.
Mas as canções criadas por árvores caídas.
As canções contidas no borbulhar das valas.

Eu prestava atenção.
Hoje levo a cada palco o som das árvores em mim.
No som das árvores caídas há muita esperança.
Nasce o ritmo inesperado com raízes terrosas.
Nascem belezas com pés de um seio só quando jogo a voz.

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