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ORFEU EURÍDICE E O CRACK

Orfeu queria tentar e, por amor (incluso aí tesão),
foi até a boca de “crack” ver Eurídice Conceição.
Tinha uma intenção: tirá-la de lá. E eis que entrou.
Negou, mas, contra a própria vontade, viciou,
perseverou e eis que um dia avistou a bela.
Porém, cada vez mais longe a Ceição.
Ele ia, ela fugia. Até que a décima mulher
do dono da boca 90, requenguela,
Perzéfa Transsex, operada, gostou de Orfeu
e intercedeu pelos pombinhos. Bocão foi bom.
Teve galhardia. Disse que Orfeu podia
levá-la, mas tinha de pagar as pedras que devia.
Orfeu deu-lhe a lira, seu violão ferrado,
de quinta. Papo furado, disse Bocão. Tem cor de viado.
Não vale um pinto. Está até encupinzado. Falou Orfeu:
Mas a meu dindo da Grécia pertenceu. Bocão falou:
Tua mulher é minha. Eu uso dela té tê a grana.
Mas, Bocão, ela me ama, chorou Orfeu.
Provô da pedra, só ama o crack. Vou comê ela!
Perzéfa perto cortava um fruto. Gritou: seu puto!
Furou Bocão como peneira. Seu sangue em poça
desceu o morro. Não se brinca c’uma dona
enciumada. Lembra Medéia?  Orfeu e amada
correram mundo que nem jaguar. Perzéfa gritou:
foi os homem, meus mano, que tiraro os dente
d'alma de Bocão!  Essa é nossa sina, disse Zuza,
nosso dia é guerra, nossa noite é chacina!
Eu falo em nome de todos: - Perzéfis,
Qué sê a dona dessa humilde boca...Patroa?
- E por que não, zuzinha? Eu tô mermo à-toa.

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