O rosto áspero, ao raspar na véspera,
rasgando os fatos
às palavras dando conchas,
suor em pérolas, porosos versos
do dia-a-dia, o ser repaginando.
Ser atingido por mil paradoxos,
ser oceano de papel pensante.
Chegar ao êxtase hierofante
chegando a traços
de infante.
Sentir o odor verbal
da intensa vida:
criando semas neste altar risível.
Mas se tanto metro hoje é guia e molde,
terá lugar o poema irreprimível?
Se bem não siga eu completamente,
cuspa de lado e escreva em dilúvio.
Ser poeta é ser oásis num deserto,
e ser deserto num oásis,
mesmo em gelo e peste.
Comentários