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SACO NA AREIA E NÃO DE AREIA

Tropeço na praia por entre latinhas e garrafas de água.
Carrinhos vendem sorvetes e calcinhas e sutiãs.
Proliferam barrigas na meia-idade.
Digo olá aos de barriga como a minha e aos outros invejo e desprezo.
É automático esse ato de desestender as mãos com despeito.
Me pedem desculpas, pois não querem ofender-me com seus corpos em forma.
Caminho até a praia dos sonhos.
Pesadelos de conchas me encaram.
Querem cativar-me pois sou o único que se aproxima.
Ainda planejo criar um sinal da cruz ao passar por eles.
Estão pela metade os meus amigos. Quais meus inimigos.
A cada semana um incêndio lhes leva uma parte da alma.
Cada um deles tem a vida como a praia tem a brisa.
Metade da face dão ao sol para queimar.
A outra ao facebook.
As ondas são insensíveis aos buracos da areia.
Eu não, pois sei apreciar ainda mulheres de bruços.
Saio da praia dos sonhos carregado em triunfo por pesadelos.

Que saco...

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