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NA BEIRA DO MEU MITO

Enquanto meu sono faz esteira,
eu aqui na beira do meu mito
vejo a mulher centauro
montada numa tartaruga
conclamando a todos
para uma ciranda muda
enquanto a noite vestida de silêncio
faz alongamento sobre o solo de mim
tão cheio de areia e pó de arsênico

É o modo de eu abrir os olhos fechando-os
e fazendo baratas em pedaços
falarem com meu sono,
enquanto a vassoura não os varre

É uma maneira de eu esconder de mim
a imensa falta que me cerca
e me faz ver os insetos que
não conseguiram me pegar apesar
das leis do princípio de picar

Na esteira um pedaço de jujuba
sobrevivente do dente de Sísifo

em meu sonho de Ícaro

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