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ALEGRIA COM ESCOLA RECHEADA

Hoje, há o deserto 
e em cima dele o teu nada. 
Mas isso é muito triste pra se escrever. 
Concentro-me então no ontem.
Ontem, na escola,
eu era apetite feroz de amor. 
Ontem, eu com garras de tempo-de-sobra. 
Ontem, tinha desejos pelas colegas de direita 
pensando nas da esquerda 
e ao mesmo tempo 
quebrava a testa nos vidros 
da sala de literatura. 
E era apenas o gordo poeta 
que fazia poesias 
com desenhos indecentes.
O Brasil já tinha problemas 
em seus dentes e gengivas. 
E todos tentavam aumentar 
o nível dos pratos. 
Em Cubatão, 
os intelectuais e jovens 
sempre foram dados jogados 
por quem os cooptasse. 
Não todos. 
O resto bebia ou treinava 
com Mestre Cotidiano 
obediente a seus pais. 
Os artistas sempre foram 
as vítimas preferenciais. 
Esses bichas, essas putas, 
esses destruidores de valores, 
esses jovens profanos e ímpios, 
esses velhos artistas juvenis, 
esses esses, sempre foram esses 
ululantes ao infinito. 
Hoje, estou desanimado comigo mesmo. 
Não sou um bom exemplo para os santos.
Isso é muito triste de se ler sem amor. 
Aguardo a festa onde eu possa beber 
o riso que encontrar pelo ar. 
Onde compre alegria com espuma. 
Percebo o deserto. Do lado, me avisam 
que esperanças sempre voltam. 

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