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MANHÃ

Manhã de crianças 

montadas nas árvores,

Roubando ovos 

dos ninhos e caindo

Sem choro nos lábios, 

imitando folhas

Que descem, 

espiralando ao vento,

Enquanto o chão 

gargalha amolecado....


Manhã de esperanças 

alongadas nas aves,

Apesar do rastro 

do supersônico às janelas

Cortando os lábios 

de um deus esquecido,

Que estapeia o avião 

como a uma mosca...

Mas não acerta 

e mata uma aurora.



Manhã de amores 

se resolvendo,

De mulheres 

aceitando convites,

De passeios nas ondas do céu,

Onde um mar se desnudou há muito

De querer ser mais

do que é...

Mas depois

que chance sobra

se viver pode ser

e se não pode

cobra

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É TARDE E ESTOU DENTRO

Domingo, um dia de algum abril É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus, falo alto por fora num silêncio por dentro, bem atrás, de onde o cheiro reverbera, rodeada de uma porção de moscas humanas, de uma porção de coisas, uma mendiga entre sacos de plástico sorri sem nariz. . Uma outra mendiga finge ser madame, com um poodle de papel francês: caniche, com latido em bolhas, do imaginário desfiado em sacos plásticos de mercado. No lado esquerdo do ônibus, um ruela zé cospe nela seu cérebro podrelíquido. . Quando desço, desce a consciência comigo, caminha comigo desde há muito, a me ensinar que o excesso de perfume pode esconder uma alma empoçada. e vice-versa, ou quase.

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

PERTO E LONGE SEM TI

Estar longe de ti somente um dia É muito, mas começo para ter-me. Estar perto de mim a eternidade Desequilibra a alma, se esquecer-me. Estar? dificuldade que me afia. Ser já é em dúvidas quedar-me. Vigio na intenção de não perder-me. É te largar um modo de encontrar-me? Voltar? Não posso. Está passando o tempo. Só não sei onde, sei que é mais destarte. Se o tempo pára, sei que paro em ti, Amando ausente, mesmo a festejar-te. Sim, bem-amada, deixa o ser chorar-te. Cruze por terras muito, embora tarde. Estar perto de mim a eternidade, Sem ti, é como estar longe da Arte.