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RAIZ

Vejo u'a mulher,
seus olhos doem
de serem belos,
caminho então na direção
dos seus cabelos crespos,
ao rés da alma
medos e mágoas,
piso bem leve

Não, na verdade,
são cem em uma
e todas vertem
mil universos
num só pescoço,
traços de afetos
que bem recebem
ou receberam
lábios com sede

Abraço todas
num corpo uno
pensando em lagos
que me afoguem
bem afogado
sobre o pescoço
que beijo e sangro
como uma fera
de outra idade
no tempo morta

Vejo a mulher,
sua pele em nuvem,
clamando toques, retoques
e sons chuvosos,
toco em seus seios
tão generosos
por sob as vestes,
não, na verdade,
são cem em uma
e todas despem
suas auréolas

Vejo suas pernas,
gregas colunas,
calores rubros
mesmo na chuva,
pego suas pernas
e roço nelas
como em cem outras,
firmo suas costas,
durmo em seu seio
como em cem seios,
teço-me os sonhos
desde a raiz

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Domingo, um dia de algum abril É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus, falo alto por fora num silêncio por dentro, bem atrás, de onde o cheiro reverbera, rodeada de uma porção de moscas humanas, de uma porção de coisas, uma mendiga entre sacos de plástico sorri sem nariz. . Uma outra mendiga finge ser madame, com um poodle de papel francês: caniche, com latido em bolhas, do imaginário desfiado em sacos plásticos de mercado. No lado esquerdo do ônibus, um ruela zé cospe nela seu cérebro podrelíquido. . Quando desço, desce a consciência comigo, caminha comigo desde há muito, a me ensinar que o excesso de perfume pode esconder uma alma empoçada. e vice-versa, ou quase.

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PERTO E LONGE SEM TI

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