Pular para o conteúdo principal

AOS DELICADOS BATIDOS NAS LÂMPADAS

Quando gritaram, 
incandescentes,
fomos chamuscados.
Tornaram-se nosso espelho
enquanto o sangue escorria,
antes e depois. Negamos.
Quantas lâmpadas nos rostos
para iluminarmos nossa falta de sentido?
E quando nós mostramos sinais
de nossa monstruosidade atávica,
garatujas de ódio inconsciente,
nos braços por mães sombrias
com ramos eretos de um falso pai

às mãos,
proibidos ficamos de soletrar:
ho-mos-se-xu-ais...
Herdamos terra para soterrá-los.
O denso sangue coalhou a calçada
fluindo em fragmentos de lâmpada.
E clamamos ao alto nossa justiça.
Amanhã, restará a paz
fornicando com remorsos.
Uma lâmpada acende quando outra se quebra?

Quem quer acender comigo?
Por vezes, é preciso acender a lanterna.

Odiamos o que amamos?
Quando aprendi o verbo foder
com o verbo gorjear por dentro
aprendi a soletrar
o rosto justo das coisas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

MINHA NARRATIVA FINDARÁ

A narrativa é igual vida. A ausência de narrativa é morte. (Tzvetan Todorov) Minha narrativa findará. Não Foi tão boa. Não foi tão ruim. Será? Enfim, Como disse um (eu)migo: Tá ruim pra todos os pés. Meu pé dói pra alho caro. E sorrio Dolorido de pensar No ponto do borrão com que posso Pular no lombo-narrativa e criar O início. Não devo Parar a narrativa. Os órgãos clamam: - À morte !!!! À vida !!! O ser se finge de surdo E escreve-se entre as exclamadas.