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SONHO E ÓCIO

Quero tirar-te
Dos meus ouv
idos.
Por isso o poema
Que ouço agora
É de uma voz inexistente,
Destemido embora.
Há poucos dentes
Em meu juízo?
É que o poema
Em meus ouvidos
É surdo e antigo,
E os seus versos
Vão repetindo
Tuas mordidas.
Quero tirar-te
Destas retinas.
Por isso o mundo que vejo e piso
É de um poema a se rever,
Cegado antes
Aos sóis intensos
De intenso fogo.
Banhar-me em rubro
Sem muita dança:
Assim, esqueço
Lembrança indócil.
Imaginária?
Quase não posso
Viver e o poema que deixo aqui
Adoentado de sonho e ócio

Semelha o corvo
De "Nunca Mais".

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